Agora com sinal reforçado em Lisboa 98.7 FM No Porto 98.4 FM Mundo / Nepal Seguir As vítimas culturais do Sismo no Nepal Sete lugares no Nepal estavam classificados como Património Cultural da UNESCO. Bastaram poucos segundos para derrubar edifícios com séculos de história. Resta agora saber o que ainda se pode salvar. Sara Otto Coelho Texto 02 Mai 2015, 17:26 101 i ▲As praças ficaram irreconhecíveis. Há património com mais de 500 anos que se perdeu para sempre Omar Havana ▲As praças ficaram irreconhecíveis. Há património com mais de 500 anos que se perdeu para sempre Omar Havana Uma semana após o sismo de magnitude entre 7,8 e 7,9 na escala de Richter, as autoridades nepalesas descartam a hipótese de ainda serem encontrados sobreviventes sob os escombros. A par das dificuldades em prestar assistência aos desalojados e aos mais de 14 mil feridos, o país, um dos mais pobres da Ásia, vê-se agora a braços com o balanço dos danos patrimoniais.Três dos sete locais classificados como Património Cultural da Humanidade pela UNESCO eram as praças centrais, com os seus palácios e templos das cidades de Katmandu, Patan e Bhaktapur. Os restantes locais eram santuários religiosos – Swayambhu, Bauddhanath, Pashupati e Changu Narayan. Segundo a UNESCO, estes edifícios eram “representativos da tradição cultural e multiétnica das pessoas que se instalaram naquela parte remota do vale dos Himalaias nos últimos 2.000 anos”. Vários templos budistas e hindus, bem como outros edifícios emblemáticos, caíram por terra. “Perdemos quase todos os monumentos classificados como património mundial em Katmandu, Bhaktapur e Lalitpur. Nunca vão poder ser recuperados”, disse ao Kathmandu Post o historiador Prushottam Lochan Shrestha.Para além da dificuldade técnica de reconstruir monumentos destruídos, os custos são também muito elevados. Em Katmandu, a capital, 80% dos edifícios reconhecidos como património cultural foram completamente destruídos. A juntar ao prejuízo da reconstrução, acrescenta-se outro grande prejuízo: a perda de receitas do turismo, essencial na deficitária economia nepalesa.A Praça Patan Durbar, em Lalitpur, ficou assim, após o terramoto:© Omar Havana/Getty ImagesAntes do terramoto:©D.R.Praça Durbar, em Katmandu:©Narendra Shrestha/EPAAntes do terramoto:©Aleksander Shafir Séculos de história abalados em segundosCom o desenvolvimento do budismo e do hinduísmo, a arquitetura e a arte nepalesa começaram a desenvolver-se essencialmente entre o século XVI e XIX. De acordo com a UNESCO, estes monumentos foram definidos pelas tradições culturais do povo neuari, originário do Vale de Katmandu. As ornamentações artesanais em tijolo, pedra, madeira e bronze “são alguns dos mais desenvolvidos do mundo”.Maharjan, que se encarregava da manutenção dos monumentos, contou à Agência EFE que uma das construções derrubadas em Durbar é uma pequena réplica do templo de Pashupatinath, o lugar hindu mais sagrado do país, situado nos arredores de Katmandu, e que nos últimos dias tem sido o local escolhido para cremações maciças das vítimas da catástrofe. “Só a realeza podia entrar neste templo”, lembrou.Jan Van Alphen, que dirige as exposições, coleções e investigações do Rubin Museum of Art, museu em Nova Iorque especializado em arte dps Himalaias, Índia e países vizinhos, acha que “a maioria dos locais mais importantes estão envolvidos nesta catástrofe. Vai ser necessário muito trabalho para recuperá-los, se é que isso é sequer possível”, disse, em entrevista ao Huffington Post. O terramoto afetou outra área destacada como herança “natural” pela UNESCO, o Parque Nacional de Sagarmantha, que inclui o Monte Evereste. Ler mais O património da UNESCO que se perdeu no Nepal