O comandante da esquadra de investigação criminal da PSP de Guimarães, que foi filmado a agredir dois adeptos perante o olhar incrédulo de duas crianças (filhos e netos das duas vítimas), vai ser alvo de um processo disciplinar, informou esta tarde de segunda-feira  Direção Nacional da PSP. O balanço feito pela PSP está dividido em vários pontos. Conclusão: em dia de festa houve 26 detidos e 23 feridos, entre eles 21 polícias, a nível nacional. A polícia admite que haja cidadãos que também tenham sofrido ferimentos nos festejos.

No comunicado, a PSP começa por salientar que o jogo da 1ª Liga foi considerado de “risco elevado”, pelo que foi montado um dispositivo policial que envolveu “várias valências”. A polícia lembra, ainda, que houve festejos em várias cidades do País e que nem em todas ocorreram “incidentes de segurança relevantes”.

“No entanto, como é do conhecimento público e tem sido amplamente divulgado pelos diversos órgãos de comunicação social, nas cidades de Guimarães e Lisboa ocorreram alterações da ordem pública que obrigaram à intervenção policial, no sentido de repor a ordem alterada, de forma a garantir a segurança de pessoas e bens”, lê-se no comunicado.

De acordo com a informação policial, eram  17h45 de domingo quando foram “detetados vários focos de tensão antes do jogo de futebol”, nomeadamente nas imediações do estádio onde estariam cerca de 500 adeptos de Benfica e 300 do Vitória de Guimarães.  Houve arremesso de vários objetos, agressões entre adeptos e a polícia foi obrigada a intervir.

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“O confronto entre os adeptos dos dois clubes incluíram o arremesso de garrafas, pedras, artefactos pirotécnicos (vulgarmente designados very lights e petardos) e agressões mútuas. A PSP foi obrigada a intervir para fazer cessar a desordem, o que foi conseguido. Da desordem resultaram danos em viaturas parqueadas na via pública e em mobiliário urbano, estando esses dados a serem ainda contabilizados”, refere a PSP.

O autocarro que transportava a equipa do Benfica também foi recebido sob arremesso de vários objetos. Houve vidros partidos e pessoas feridas. Só quando o jogo começou os ânimos acalmaram. No final do jogo, descreve a PSP, houve um grupo de adeptos que “por razões de segurança e ordem pública” foi “demorado” no interior do estádio. Uma opção estratégica da polícia. E terá sido este grupo que provocou “diversos danos no mobiliário existente no local, com destruição parcial de alguns WC e Bar (do recinto desportivo) e o arrombamento de uma arrecadação de material e consequente furto de merchadising afeto a outro grupo de adeptos”.

Também foi no final do jogo, nas imediações do estádio, que as câmaras da CMTV captaram a atuação do comandante da esquadra da PSP. A Direção Nacional da PSP afirma ter “visionado” as imagens e ter decidido “instaurar procedimento disciplinar contra o elemento policial que consumou a detenção”. O homem detido já declarou à comunicação social que estava a justificar à PSP que quase não conseguia sair do estádio perante tanta “confusão”. As imagens captam o elemento da PSP a empurrar um homem mais velho, familiar do detido, e a empunhar o bastão contra ele, agredindo-o de seguida. Os dois filhos do homem, ainda menores, testemunharam tudo. Vê-se ainda uma das crianças a ser agarrada por dois elementos da PSP enquanto chorava.

benfica desacatos guimarães

A detenção em Guimarães, que levou à instauração de um processo disciplinar

Em Guimarães, os desacatos culminaram em seis detidos por desobediência, injúrias, ameaça com réplica de arma de fogo e posse de artigos pirotécnicos. Dois polícias sofreram ferimentos e foram assistidos por elementos da Cruz Vermelha. Desconhece-se quantos cidadãos sofreram ferimentos.

Noite e madrugada quentes

A festa seguiu para sul, mais concretamente para Lisboa, e a PSP também não teve descanso. Pelas 21h45 uma desordem na zona do Campo Grande envolvendo adeptos de dois clubes levou a mais uma intervenção policial. Também a SIC já divulgou um vídeo sobre esta ocorrências onde se ouve o disparo de vários tiros. Resultado: três cidadãos e dois polícias feridos.

A equipa do Benfica chegava ao Marquês de Pombal, com escolta policial, pelas 00h45 desta segunda-feira, e a festa adivinhava-se ordeira, mas, cerca das 1h20, um incidente no Parque Eduardo VII viria a culminar nas imagens também transmitidas pelas televisões – que mostram os confrontos entre polícia e adeptos.

“Incluiu o arremesso de objetos diversos, nomeadamente garrafas de vidro. De forma a conter o incidente em questão e evitar que alastrasse e ganhasse uma dimensão maior, ocorreu uma intervenção policial localizada para fazer cessar os comportamentos perigosos. Aquando da intervenção policial, os intervenientes na rixa atiraram garrafas de vidro e outros objetos aos polícias”, diz a polícia.

Como a PSP não conseguia “fazer cessar a desordem, foi necessário acionar reforços policiais e usar a força pública para restabelecer a ordem no local”. E durante “o restabelecimento da ordem pública” 16 polícias sofreram escoriações várias, vítimas do arremesso de pedras, garrafas e material pirotécnico. Há ainda a registar o vidro partido de uma viatura da divisão de trânsito. A PSP também desconhece quantos “cidadãos” foram feridos na sequência deste confronto, que terminou com 13 detidos por posse de material pirotécnico e por agressões aos polícias e com a apreensão de material pirotécnico.

Durante os festejos, houve ainda lugar a roubos. A PSP diz que recebeu treze queixas por roubo. E que só pelas 4h00 de segunda-feira o Marques de Pombal voltou à normalidade. O trânsito, que tinha sido condicionado para os festejos, foi restabelecido uma hora e meia depois.

Também no Porto foi necessária a  intervenção policial em diferentes pontos da cidade “motivadas por excessos cometidos no âmbito dos festejos”. Sete suspeitos de tráfico de droga, posse de artigos pirotécnicos, posse de arma proibida e mandado de detenção foram detidos. “A PSP lamenta que os eventos festivos tenham degenerado em situações de violência que exigiram a intervenção policial para repor a ordem pública e garantir a segurança de pessoas e bens”, conclui o comunicado.