O euro deve sobreviver à atual crise mas se não conseguir ajudar os países que partilham a moeda única a encontrar prosperidade, não sobreviverá no longo prazo, alertou esta quinta-feira em Portugal o vice-presidente da Reserva Federal norte-americana.

O Banco Central Europeu voltou a reunir, pelo segundo ano consecutivo em Sintra, governadores de bancos centrais, economistas e decisores políticos, desta vez sob o tema ‘Inflação e Desemprego na Europa’.

Stanley Fisher, braço direito no banco central norte-americano da presidente Janet Yellen, abriu a conferência saindo fora do guião e falando sobre os desafios da zona euro, no passado, atualmente e no futuro, para defender a atuação do BCE, liderado agora pelo seu ex-aluno Mario Draghi, mas também para deixar alguns avisos.

“Tudo o que tem sido feito até agora torna muito provável que a União Monetária e Económica irá sobreviver a esta crise. Mas no longo prazo, a União Monetária e Económica não irá sobreviver a menos que consiga proporcionar também prosperidade aos seus membros. Isso significa que os mais importantes desafios do futuro vão exigir um aumento d crescimento da produtividade na Europa – e esse é um desafio que todo o mundo enfrenta”, disse.

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Stanley Fisher defendeu ainda que a Europa precisa de um melhor mecanismo para garantir que os Estados-membros adotam políticas orçamentais e financeiras que sejam responsáveis e de encontrar uma solução para os problemas demográficos que muitos países europeus enfrentam atualmente.

A falta deste mecanismo e regras para controlar de forma mais apropriada a gestão das finanças públicas é, para Stanley Fisher, “um dos mais importantes desafios económicos que a União Europeia enfrentará depois da presente crise terminar”, lembrando que avançar com o projeto europeu usando a moeda única foi uma decisão arriscada e que isso tem agora de ser corrigido.

O responsável norte-americano alerta também para as grandes dificuldades que a União Europeia pode enfrentar devido à atual crise da Grécia, mas também à possibilidade de abandono pelo Reino Unido da União Europeia.