A região da Estremadura, que já foi província até 1976, estende-se pela faixa litoral e corresponde aos concelhos de Leiria, Lisboa e Setúbal. Faz fronteira com as regiões da Beira Litoral, do Ribatejo, do Alto e do Baixo Alentejo. Uma vasta região por descobrir com um enorme património histórico e natural. Comecemos a nossa viagem pelo distrito de Leiria.

Óbidos: vila encantada

Entrar na vila de Óbidos é viajar no tempo até à época medieval. Nas ruas sente-se o cheiro a histórias deixadas pela conquista desta vila aos mouros pelo primeiro rei, D. Afonso Henriques. Conhecida como a terra das rainhas, Óbidos é um museu a céu aberto.

Vale a pena caminhar por entre as ruelas e visitar o Castelo, um exemplar perfeito de fortaleza medieval. Construído pelos árabes e reconstruído após a reconquista, o Castelo de Óbidos é hoje em dia uma pousada. Se gosta de visitar património religioso vale a pena passar pela Capela de Nossa Senhora do Carmo ou pela Igreja de Santa Maria.

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Do cimo das muralhas pode desfrutar de uma paisagem a perder de vista, ideal para tirar uma selfies. Passe pela Porta da Vila, veja o Aqueduto mandado construir pela Rainha D. Catarina de Áustria, mulher de D. João III. Além do património medieval, a vila de Óbidos exibe no Museu Municipal várias pinturas dos séculos XVI e XVII, onde figuram também obras de André Reinoso e Josefa d’Óbidos. Vale a pena agendar uma visita a Óbidos pela altura do Festival Internacional do Chocolate e na época do Natal.

Onde os budas de Bamyan embelezam jardins

Percorrendo esta zona da Estremadura chegamos ao Bombarral. É aqui que fica localizada a Quinta dos Loridos. No seu interior está aquele que é considerado o maior jardim oriental da Europa, o Buddha Eden. No cimo da escadaria central budas dourados dão as boas-vindas a quem o visita. Um espaço de tranquilidade e paz com cerca de 35 hectares. Em comunhão com a natureza estão várias esculturas de budas e outras divindades orientais, bem como soldados de terracota pintados à mão. O jardim foi construído pelo Comendador José Berardo como resposta à destruição pelos talibãs das milenares estátuas dos Budas Gigantes de Bamyan, no Afeganistão.

Aproveite que está na zona Oeste da Estremadura e aprecie o que de melhor se come e bebe na região. Marque na agenda: de 4 a 9 de agosto realiza-se o Festival do Vinho Português e a Feira Nacional da Pera Rocha, fruta rainha do Bombarral.

A terra do “Zé Povinho”

Conhecida pelas suas propriedades terapêuticas, as águas das Caldas da Rainha desde cedo atraíram curiosidade, sobretudo a de D. Leonor que mandou construir o hospital termal. No século XIX a cidade cresce como estância termal e é bastante procurada pelas suas águas sulfurosas. Mas a Caldas da Rainha são também conhecidas pelo seu património histórico. A Ermida de São Sebastião ou a Igreja de Nossa Senhora do Pópulo são locais a visitar.

Da pintura à escultura, passando pela cerâmica, as Caldas da Rainha evidenciam-se como centro de artes plásticas, de onde se destacam nomes como José Malhoa, António Duarte e João Fragoso. Dê uma vista de olhos pelas coleções de pintura portuguesa no Museu de José Malhoa, que fica próximo ao Parque D. Carlos. Fique ainda a conhecer a história das cerâmicas passando pelo Casa Museu de Rafael Bordalo, onde pode ver o trabalho humorístico do criador do tão português “Zé Povinho”.

Cascais: entre o mar e a serra

A poucos quilómetros da foz do Tejo está Cascais, vila que fora outrora retiro de verão da monarquia portuguesa durante o século XIX. O seu apogeu marítimo é visível nos faróis, nas fortalezas e na Cidadela (século XVII). Ao longo dos anos, Cascais tem-se afirmado como pólo cultural.

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Cascais fica entre a baía e a Serra de Sintra

No Museu do Mar é possível ver o legado marítimo de Cascais e o espólio das expedições do rei D. Carlos I, pioneiro da oceanografia portuguesa. Incontornável é a “Casa das Histórias”- Museu Paula Rego, espaço dedicado à vida e obra da pintora Paula Rego. Apesar de estar radicada em Inglaterra, a pintora expõe em Cascais uma carreira de 50 anos de pintura.

Fora da confusão do centro e do aglomerado urbano está toda a área do Parque Natural de Sintra-Cascais. Estende-se desde a Serra de Sintra, passa pelo Gincho, e termina nas escarpas do Cabo da Roca – o ponto mais ocidental da Europa continental. Quem gosta de surf, encontra na praia do Guincho o spot ideal para a prática da modalidade. Os mais curiosos podem dar uma espreitadela à Boca do Inferno e ver a fúria do Atlântico a bater nas rochas.

A Serra de Sintra encanta

Já foi chamada de Monte Sagrado e de Serra da Lua. Vila mística e romântica, Sintra serviu de inspiração a escritores como Eça de Queiroz ou Ramalho Ortigão. As ruas do centro histórico mais parecem um museu a céu aberto e por toda a vila avistam-se casas senhoriais e palacetes.

Além do património natural e paisagístico, a paisagem cultural de Sintra, Património Mundial, é de tirar o fôlego. Faça uma viagem ao romantismo e comece pela Quinta da Regaleira. Aproveite e visite ainda o Palácio Nacional de Sintra ou o Palácio da Pena, considerado uma das obras-primas arquitectónicas mais originais em Portugal, onde se fundem os estilos gótico, indiano, manuelino e mourisco. Se for amante da natureza e de caminhadas ao ar livre, aproveite e perca-se no Parque e Palácio de Monserrate. Depois de um passeio, o melhor mesmo é provar uma queijada ou um travesseiro de Sintra.

Tome nota: o Festival de Música de Sintra começou no dia 9 e vai prolongar-se até 7 de junho. Ao todo são treze concertos, que vão decorrer nos Palácios Nacionais de Sintra, Pena e Queluz, na Quinta da Piedade e no Centro Cultural Olga Cadaval.

Lisboa das Sete Colinas

Lisboa, capital do país, é também conhecida como a cidade das colinas: São Jorge, São Vicente, São Roque, Santo André, Santa Catarina, Chagas e Sant’Ana. No século XVII , Frei Nicolau de Oliveira, no “O Livro das Grandezas de Lisboa”, descreve a cidade e fala em sete colinas. Mas ao que parece, esqueceu-se de contar com a colina da Graça, que está escondida atrás do Castelo de São Jorge.

Uma das formas de se perder na cidade é justamente começar pelo Castelo, antigo local de batalhas entre mouros e cristãos. A vista sobre a cidade é única, ideal para fotografar Lisboa lá do cimo. Vá descendo e entre no bairro da Mouraria, um dos mais típicos e antigos de Lisboa. Se estiver com fome pode continuar o caminho e seguir para a Praça do Martim Moniz, agora totalmente renovada e com um parque de refeições. No Martim Moniz pode ainda apanhar o mítico eléctrico 28 e percorrer a cidade até Campo de Ourique.

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O eléctrico 28 liga o Martim Moniz a Campo de Ourique e passa por toda a zona antiga da cidade

Lisboa é uma cidade com várias paisagens. Se gosta de fotografia, nada melhor do que ver Lisboa até ao Tejo a partir dos miradouros. Passe, por exemplo, no miradouro de Santa Luzia, onde pode ver os telhados de Alfama e o pôr-do-sol, ou então no da Senhora do Monte, onde está uma capela do século XII, ou ainda no de Santa Catarina, junto ao conhecido Bairro Alto e à Bica. Aproveite o bom tempo e faça uma caminhada desde o Cais do Sodré até Belém, sempre junto ao rio Tejo, e perca-se nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos ou no Jardim do Império.

Tome nota: As comemorações dos Santos Populares estão aí à porta e Lisboa inteira sai à rua. O ponto alto é na noite de 12 para 13 de junho, dia de Santo António, padroeiro de Lisboa.

Arrábida sem fim

De Palmela ao Cabo Espichel, o Parque Natural da Arrábida é um tesouro rochoso pintado de verde. Escondido na encosta da serra está o Convento da Arrábida, de frades arrabidinos franciscanos, construído em 1542. Outro local com história para visitar é o Forte da Arrábida, do século XVII, que tinha como missão defender a costa. É neste antigo forte que está o Museu Oceanográfico.

Arrábida candidata a Património Misto da Humanidade da UNESCO

As praias da Arrábida são conhecidas pela areia branca e água cristalina

Depois de um passeio pela história, nada melhor do que dar um mergulho nas águas límpidas e cristalinas da praia do Portinho da Arrábida, que fica entre a parte mais elevada da serra e o mar. Do vasto areal pode ver a Pedra da Anixa, uma pequena ilha rochosa que faz parte de uma reserva zoológica.

Tróia e a sua península

De carro ou a pé, comece por fazer a travessia por ferry-boat que liga Setúbal a Tróia, uma faixa de areia dourada com cerca de 17 quilómetros. No tempo dos romanos chamava-se Ilha de Acála. Faça uma visita guiada às Ruínas Romanas de Tróia e fique a conhecer o maior complexo de produção de salgas de peixe conhecido, construído no século I.

Aproveite e desfrute de um dia passado na Reserva Natural do Estuário do Sado, uma das zonas húmidas mais importantes do país. É o local ideal para observar mais de 200 espécies de aves. O estuário do Sado é também um santuário para uma colónia residente de roazes-corvineiro Tursiops truncatus. E quem vai ao distrito de Setúbal não pode terminar a viagem sem comer o tradicional choco frito ou a sardinha assada. De que está à espera para descobrir a Estremadura Litoral?