Ao contrário daquilo que acontece nas imagens que evocam a crucificação de Cristo, Viviany Beloni imitou o momento com o cabelo cuidado, de onde se destacam caracóis imaculados. De resto, as semelhanças entre o episódio bíblico e a maneira como a travesti brasileira de 26 anos se apresentou na parada gay de São Paulo no domingo são óbvias: as chagas em todo o corpo, a coroa de espinhos na cabeça e o olhar de sofrimento.

Quando foi interpelada por um transeunte que passava nas imediações da parada gay, Viviany justificou o seu gesto: “Para mim representa a história de todas as travestis. Então eu vim flagelada. Que nem Jesus Cristo foi crucificado, todos os gays são crucificados o ano todo”, disse, num momento que ficou registado em vídeo.

https://instagram.com/p/3oa50nD-mo/?taken-by=vivianybeleboni

Como seria de esperar, sobretudo num país profundamente religioso como é o Brasil, a forma de protesto encontrada por Beloni não reuniu consenso. Marco Feliciano, que para além de ser deputado federal é também presidente da Igreja Assembleia de Deus Catedral do Avivamento, reagiu a este gesto de forma contundente na sua conta de Facebook. “Imagens que chocam, agridem e machucam”, começou, para depois fazer uma lista de gestos que considera intoleráveis, como “colocar Jesus num beijo gay”. Marco Feliciano tem mais de 2,5 milhões de seguidores no Facebook e esta post teve, até ao final da tarde de terça-fera, mais de 380 mil likes e 510 mil partilhas.

marco feliciano

Em declarações à Globo, Beloni reagiu à controvérsia: “Nunca tive a intenção de atacar a Igreja. A ideia era, mesmo, protestar contra a homofobia”. A travesti contou também que foi interpelada por várias pessoas que disseram que no “ano que vem vão colocar fogo na parada”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR