Milhares de sírios em fuga aos combates entre curdos e o grupo extremista Estado Islâmico pelo controlo da cidade de Tall Abyad entraram hoje na Turquia, que reabriu a fronteira, encerrada há dias, a estes refugiados.
Ao início da noite, uma longa fila de refugiados, muitos com os poucos bens pessoais transportados em sacos de plástico, começou a atravessar ordeiramente o posto fronteiriço de Akçakale, enquanto milhares de outros esperavam do outro lado da fronteira, constatou um fotojornalista da agência de notícias francesa AFP.
Estes sírios abandonaram as suas casas na esperança de conseguirem chegar à Turquia, mas o exército turco tinha-os, até agora, impedido de entrar no país, utilizando mesmo canhões de água para os manter à distância, segundo o repórter fotográfico.
Depois de terem passado a noite encurralados entre os combates e o arame farpado, muitos deles pediam água, tendo as temperaturas ultrapassado os 35 graus Celsius durante o dia, e funcionários da ajuda humanitária turcos lançavam garrafas de água para a multidão, de onde se levantavam dezenas de mãos para as apanhar.
Após submetidos a um controlo sanitário e registados pelas autoridades turcas, aqueles com pais na Turquia foram autorizados a ficar com eles, ao passo que os restantes serão mais tarde levados para campos de refugiados já existentes, sublinhou a agência de imprensa Dogan.
A televisão turca estimou em 3.000 o número total de pessoas que deverão assim entrar na Turquia, mas o correspondente da AFP considerou que são muitos mais.
As autoridades turcas tinham anunciado na quarta-feira que iam encerrar localmente a fronteira, “exceto em caso de tragédia humanitária”.
Os responsáveis de Akçakale anunciaram hoje, há já algumas horas, que tinha sido finalmente dada autorização para deixar entrar na Turquia os sírios concentrados nas imediações do local.
As forças curdas chegaram hoje à entrada de Tall Abyad e aí estão a combater as forças da organização Estado Islâmico, indicou um comandante curdo no terreno.
“Chegámos a 50 metros da entrada leste da cidade e estamos a combater o EI numa barreira”, disse Hussein Khojer, um comandante das Unidades de Proteção do Povo Curdo (UPK) em Tall Abyad.
Os curdos querem retomar o controlo desta cidade de população árabe e curda para privar o EI de um importante ponto de entrada de armas e de combatentes ‘jihadistas’.
Antes de a fronteira da região ter sido encerrada, na semana passada, a Turquia já acolhera mais de 13.500 sírios fugidos aos combates pelo controlo de Tall Abyad, afirmaram responsáveis turcos.
Desde que o conflito sírio eclodiu, em 2011, a Turquia aceitou no seu território 1,8 milhões de refugiados procedentes da Síria.