“Irei a Srebrenica representar a Sérbia de cabeça erguida.” As palavras são de Alexander Vucic, primeiro-ministro da Sérbia, e o contexto não é qualquer um: trata-se da cerimónia que assinala o 20º aniversário genocídio de Srebrenica, marcada para sábado.
“Está na hora de mostrarmos que estamos prontos para uma reconciliação, que estamos prontos a reconhecer as vítimas dos outros. O governo sérvio decidiu hoje à noite que eu próprio representarei a Sérvia, no dia 11 de julho em Srebrenica”, anunciou numa conferência de imprensa.
Ainda assim, Vucic não reconhece que a execução de mais de 8 mil homens e rapazes muçulmanos levada a cabo por soldados liderados pelo Comandante do Exército da Sérvia, Ratko Mladic, em Srebrenica, no Este da Sérvia, tenha sido um genocídio — designação aprovada em unanimidade no Tribunal Penal Internacional Para a Antiga Jugoslávia, das Nações Unidas, em Haia, na Holanda. Assim, o primeiro-ministro sérvio descreve o massacre que aconteceu entre 11 e 13 de julho de 1995 como um “crime horrendo”, segundo o diário francês Le Monde.
Vucic é primeiro-ministro da Sérvia desde abril de 2014, altura em que foi eleito pelo Partido Progressista da Sérvia, de centro-direita. Antes de militar nesta força política, Vucic fez parte dos nacionalistas do Partido Radical Sérvio entre 1993 e 2008. Foi neste último ano que entrou no partido que hoje em dia lidera.
O primeiro-ministro sérvio não está sozinho na sua avaliação do acontecimento cujo 20º aniversário vai ser assinalado neste fim de semana. Segundo uma sondagem publicada recentemente naquele país, 54% dos sérvios condenam os crimes de Srebrenica mas 70% dos questionados recusam considerar que se tratou de um genocídio.
Não é a primeira vez que um primeiro-ministro sérvio se desloca a Srebrenica. Em 2010, o então Presidente sérvio, Boris Tadic, foi até àquela pequena cidade para assinalar os crimes de 1995. E o seu sucessor, Tomislav Nikolic, fez o mesmo em 2013. Nessa altura, fez um pedido de perdão ao povo bósnio: “Peço, de joelhos, que a Sérvia seja perdoada pelos crimes cometidos em Srebrenica”.