Uma das características mais distintivas dos primatas são as mãos e a capacidade para agarrar ou catar parasitas do pelo. Estas mãos especiais têm impressões digitais únicas em cada dedo e, claro, polegares oponíveis. Mas se pensa que as nossas mãos são as mais evoluídas do mundo dos primatas, a equipa de investigadores liderada por Sergio Almécija mostra-lhe que poderá não ser bem assim, conforme publicação esta terça-feira na revista científica Nature Communications.
Antes de mais é preciso lembrar que o homem não descende dos chimpanzés. Na verdade, ambas as espécies têm um antepassado (ancestral) comum que seguiu dois caminhos diferentes durante a evolução. Aliás, no que diz respeito às características das mãos, os humanos parecem partilhar as características com os gorilas e, logo, com o antepassado comum de ambos, segundo a equipa do paleoantropólogo Sergio Almécija.
O homem, em comparação com chimpanzé, tem um polegar proporcionalmente maior. Já os chimpanzés, tal como os orangotangos, têm os quatro dedos (fora o polegar) muito mais longos. E dentro deste grupo de Grandes Primatas, os gibões são os que têm os dedos mais longos em relação ao tamanho do corpo.
O que os investigadores dizem é que as mãos dos chimpanzés e dos humanos evoluíram de forma distinta – evolução divergente -, tendo os homens mantido as mãos semelhantes às dos gorilas. E dizem ainda que os chimpanzés e os orangotangos evoluíram de forma distinta, mas em determinado momento as mãos tornaram-se mais parecidas – evolução convergente.
Durante muito tempo, considerou-se que o antepassado comum de chimpanzés e humanos teriam as mãos como os chimpanzés – dedos longos e polegar curto – e que isso lhes permitia deslocar de mãos fechadas sobre os nós dos dedos. Mas a análise dos antepassados mais próximos do homem – os hominíneos – e de outros primatas fósseis mostraram que as mãos desde antepassado comum são mais parecidas com as dos humanos e que terão sido os chimpanzés a ter uma evolução divergente na estrutura da mão. Além disso, os investigadores chegaram à conclusão que as mãos dos primatas extintos seriam muito mais diversas do que inicialmente se imaginava.
Pelos resultados apresentados, e pela observação da locomoção dos gorilas (de dedos curtos), a equipa de Sergio Almécija considera que não são precisos dedos longos para que as espécies se desloquem sobre os nós dos dedos. Tanto os chimpanzés (de dedos longos) como os gorilas (de dedos curtos) o fazem. E se os antepassados mais próximos do homem também não tinham dedos longos, isso poderia não ser assim tão determinante para trepar às árvores, consideram os cientistas.