A Presidente da Argentina, Cristina Fernández, considerou, na segunda-feira, que os países BRICS são “vítimas” da crise financeira, em resposta a acusações de que estes países vão arrastar o mundo para uma nova recessão.
“Como é que os [países] emergentes ameaçam arrastar o mundo para uma nova recessão, se foram eles que sustentaram o crescimento da economia global muito antes da crise de 2008?”, questionou a mandatária, referindo-se ao Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Os comentários de Fernández surgiram em resposta a um artigo do jornal Financial Times, que afirma (necessária subscrição para ler artigo) que os modelos económicos destes cinco países emergentes “estão a colapsar”.
A Presidente argentina criticou duramente o artigo e afirmou que alguns parágrafos merecem mesmo estar no “Guiness para a falta de vergonha”.
“Dizer que agora os [países] emergentes ameaçam arrastar o mundo para uma nova recessão é simplesmente falso. O mundo foi arrastado para a crise de 2008 pela especulação financeira, e nunca recuperou. O que é que isso tem que ver com os BRICS? Com exceção do papel de vítimas, não tiveram qualquer outra participação”, lançou a chefe de Estado.
É tempo de declarar crise nos mercados emergentes?
Esta é a grande questão que o artigo do Financial Times coloca. E os seus autores, James Kynge e Jonathan Wheatley, acham que sim. Citando o Institute of International Finance, referem que a queda nas bolsas e nas moedas dos mercados emergentes já atingiram “proporções de crise”. Para além desta situação, os autores comparam esta crise à crise asiática de 1990, chegando mesmo a afirmar que a única diferença é que a situação dos mercados emergentes se tem estendido por vários meses enquanto a crise asiática foi um choque repentino. “A situação do doente é crónica mas não aguda.”
Mesmo o impacto das exportações das chamadas commodities (que compreendem as matérias primas, desde produtos agrícolas primários a produtos minerais tão diversos como o petróleo, o cobre ou mesmo o ouro), principal fonte de rendimento destes mercados, é particularmente forte, com o crescimento médio a cair vertiginosamente em direção ao zero. Estas duas situações ficam bem evidentes nos dois gráficos do FT que aqui reproduzimos.
De acordo com aquele jornal económico, “enquanto na sequência da crise financeiros de 2008 o dinamismo dos mercados emergentes ajudou a ao regresso do crescimento à escala global, agora essa energia parece ter sido toda gasta”.