Neste debate, ganharam os portugueses. Ficámos mais esclarecidos, e não tivemos que ouvir sobretudo falar do passado. Ao contrário do que aconteceu no primeiro debate, foram alargados os temas, tendo sido incluídas questões sobre a Europa, a Educação, os Refugiados, obrigando tanto Costa como Passos a mostrar o que valem nestes domínios. E ainda dois indicadores objectivos de como este debate foi melhor: Ao longo de cerca de duas horas, nunca se mencionou nem Sócrates nem plafonamento, quer fosse vertical ou mesmo horizontal. Mesmo nos temas revisitados, porque centrais e importantes, como a Segurança Social os jornalistas estiveram bem. Quando Costa falou de prestações não contributivas, Graça Franco insistiu para que esclarecesse de que se estava  a falar em concreto. O país agradece.

Além deste contexto melhor em que decorreu o debate, ficou claro que Costa e Passos representam duas visões distintas para o país. Onde? No emprego, por exemplo onde Costa sublinhou que era preciso acabar com a precariedade, enquanto Passos defendeu sobretudo o aumento de emprego; Nas diferenças sobre como financiar a segurança social, em que o PS pretende dinamizar a economia, e em geral aumentar todas as pensões mínimas; enquanto o PSD sugere que sem consenso interpartidário para cortar as despesas não haverá forma de conter o défice; nos impostos em que Costa se comprometeu em baixar os impostos para a classe média. Passos Coelho esteve mais interessado em desmontar a exequibilidade das propostas do PS do que propriamente a avançar com propostas próprias. Para Passos Coelho, o que foi feito é essencialmente a sua folha de serviço, e se ganhar, seguir-se-ão políticas semelhantes, presume-se.

Quem ganhou este debate? Tal como no anterior, o que vi nas redes sociais, são os partidários de um e de outro candidato clamarem vitória para o seu lado. Mas verdadeiramente, não me parece que tenha havido, mais uma vez, um vencedor claro. Ou antes, fomos nós os portugueses. Depois do primeiro debate, ambos os líderes corrigiram alguns pontos e mostraram muita responsividade ao feedback que foi sendo dado. Se Costa e Passos Coelho conseguiram ser mais esclarecedores, apresentar propostas distintas, e assumir-se como candidatos com visões diferentes num número alargado de temas, a responsabilidade fica agora do lado dos portugueses, para no dia 4 de Outubro saírem da frente da televisão, desligarem as rádios, e irem em consciência escolher quem deve governar o país nos próximos 4 anos.

  • investigadora no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa

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