O Papa Francisco disse esta segunda-feira que um funcionário público tem direito a recusar emitir licenças para casamentos gay, se isso violar a sua consciência – afirmando que “a objeção de consciência é um direito humano”.
As declarações foram prestadas aos jornalistas a bordo do avião que transportava Francisco de regresso a Roma, após um périplo de 10 dias pelos Estados Unidos da América e Cuba. A resposta foi foi dada quando perguntaram ao Sumo Pontífice se apoiava indivíduos que se recusam a acatar algumas leis, como a da emissão de licenças para casamentos gays, segundo a agência Reuters. Para Francisco o direito à recusa é uma questão de “direitos humanos”.
No início de setembro, a fé cristã foi apresentada por Kim Davis, chefe de secretaria do tribunal de Kentucky, nos Estados Unidos, como justificação das suas constantes recusas para cumprir a lei. Mas o juiz americano David Bunning, que ordenou a prisão, recusou o argumento da arguida e determinou a sua detenção durante 5 dias.
No mesma conferência de imprensa, a bordo do avião papal, o Papa Francisco também aproveitou o momento para voltar a denunciar o comportamento das pessoas, “incluindo alguns bispos”, que disse serem “culpados” de crimes de pedofilia cobertos pela Igreja. “Nós não podemos encobrir” atos de padres pedófilos e “daqueles que são culpados, incluindo alguns bispos”, reafirmou.
“Mas quando um padre é culpado de abuso isso é muito grave, porque o seu objetivo é fazer crescer a criança, a rapariga, para o amor de Deus em direção à maturidade emocional, para o bem”, acrescentou.
Anteriormente, em Washington, o líder da Igreja Católica desencadeou a ira de organizações de vítimas de abuso sexual dentro das congregações religiosas ao ter expressado sua “compaixão” para com os bispos norte-americanos. “Eu estava a conversar com todos os bispos dos Estados Unidos e senti a necessidade de expressar a minha compaixão por uma coisa horrível: muitos deles sofreram. Eles não sabiam”, explicou.
O escândalo dos padres pedófilos contribuiu grandemente para desacreditar a Igreja Católica, após a revelação de casos envolvendo dezenas de milhares de menores, ocorridos no período 1960-1980. O Vaticano criou no início de junho uma nova instância para julgar os bispos culpados de terem protegido os padres pedófilos.