As autoridades suíças bloquearam as contas bancárias em nome do presidente da Câmara de Deputados do Brasil, Eduardo Cunha, e dos seus familiares no país helvético, anunciou a Procuradoria-Geral da República (PGR) brasileira.
“As informações do MP da Suíça relatam contas bancárias em nome de Eduardo Cunha e de familiares. As investigações [na Suíça] iniciaram-se em abril deste ano e houve bloqueio de valores”, refere o comunicado da procuradoria, citado pela agência Brasil.
Com a identificação das contas, o Ministério Público da Suíça remeteu para a PGR brasileira a investigação aberta contra Eduardo Cunha, que passará a ser investigado no Brasil por suspeita dos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção e suposto recebimento de suborno no âmbito da Operação Lava Jato.
A quantia bloqueada não foi divulgada, acrescenta a agência Brasil.
Eduardo Cunha, como brasileiro, não pode ser extraditado para outro país.
No Brasil, o presidente da Câmara de Deputados está formalmente acusado de corrupção, por suspeita de ter recebido subornos em contratos da Petrobras com uma empresa coreana, para o fornecimento de navios, e de branquear capitais.
O caso, investigado desde 2014, refere-se a uma vasta rede de corrupção que atuava há mais de uma década na Petrobras, a maior empresa do Brasil, que se terá apropriado de cerca de 2.000 milhões de dólares (1.784 milhões de euros), segundo os cálculos da própria petrolífera.
O ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT, da Presidente brasileira, Dilma Rousseff) João Vaccari Neto foi no dia 21 de setembro condenado a 15 anos e quatro meses de prisão por branqueamento de capitais, associação criminosa e corrupção na Petrobras.
Além de Vaccari, também foram condenados o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e mais oito pessoas, entre elas os delatores (que fizeram acordo com a Justiça para ceder informações em troca de uma possível redução na pena), Pedro Barusco, ex-gerente da petrolífera, Augusto Mendonça, empresário, Alberto Yousseff, doleiro (que faz operação irregular com a moeda norte-americana) e o lobista Julio Camargo.
A pena de Renato Duque foi de 20 anos e oito meses de prisão. Tanto ele como o ex-tesoureiro do PT respondem a outras ações de desvios na petrolífera. Ambos negaram qualquer participação no esquema durante as investigações.
A sentença, divulgada pela imprensa brasileira, afirma que construtoras pagavam subornos a executivos da Petrobras e a Vaccari para conseguir contratos. O ex-tesoureiro foi acusado de receber 4,3 milhões de reais (961.000 euros) para os passar ao Partido dos Trabalhadores.