Jamey Rodemeyer tinha 14 anos e era vítima de bullying homofóbico. Fã de Lady Gaga e inspirado pela luta da cantora contra a ansiedade e depressão, decidiu criar um canal no YouTube no qual comentava as suas experiências e ajudava outras vítimas que estavam a viver a mesma situação. Mas as intimidações na escola continuaram e Rodemeyer acabou por cometer suicídio a 18 de setembro de 2011. Mas, antes, escreveu uma mensagem de despedida para a cantora:
@ladygaga bye mother monster, thank you for all you have done, paws up forever
— Misguided Jamey (@hausofjamey) September 18, 2011
“@ladygaga Adeus Mother Monster [nome pelo qual os fãs chamam a cantora], obrigado por tudo o que fizeste”, dizia a mensagem.
A história de Rodemeyer espalhou-se nas as redes sociais e comoveu a cantora.
Jamey Rodemeyer, 14 yrs old, took his life because of bullying. http://t.co/Hgq84KyV. Bullying must become be illegal. It is a hate crime.
— Lady Gaga (@ladygaga) September 21, 2011
Lady Gaga lamentou a morte de Rodemeyer e disparou: “O bullying deveria ser ilegal. É um crime de ódio”.
Após dias de reflexão, a cantora passou a prestar atenção ao grande número de incidentes que aconteciam entre os jovens e decidiu fundar a “Born This Way Foundation”, uma organização com o objetivo de fortalecer a autoestima dos adolescentes e combater a depressão e o bullying.
“Jamey e outros jovens que tiram as suas vidas porque se sentem diferentes – queria fazer da morte deles um lição, não uma casualidade ou negligência”, contou.
A edição desta semana da revista Billboard conta esta história, ao trazer Lady Gaga e o cantor Elton John na capa numa edição especial sobre projetos filantrópicos de músicos.
“Assisti aos meus fãs a crescerem e vi-os a passar por vários problemas que existem na vida. Muitos deles tinham entre 11 e 17 anos nos seus momentos mais tumultuosos. Eles contavam-me as suas histórias, e muitas delas eram bem obscuras. Comecei a cuidar deles e a ver-me neles, eu própria. Senti que devia fazer algo para lembrar as crianças que não estão sozinhas”, explica sobre a origem do projeto.
E revela:
“Sofri com a depressão e ansiedade toda a minha vida, ainda sofro com isso todos os dias. Só quero que essas crianças saibam que essa profundidade que sentem é normal em qualquer ser humano. Nascemos assim. Essa coisa moderna em que toda a gente se sente superficial e menos ligada? Isso não é humano”, defende a cantora.
Para Lady Gaga, a depressão e a ansiedade são problemas que ligam todos os seus fãs e critica a forma como a tecnologia pode ser usada para disseminar o ódio entre as pessoas. “Há algo na forma como estamos agora, com os nossos telemóveis e pessoas sem olhar para o rosto umas das outras. Não estamos no mesmo momento que os outros, as crianças sentem-se isoladas”.
E continua:
“A internet é uma sanita. Era um ótimo recurso, só que é preciso passar por muita trampa para achar as coisas boas. Estes miúdos só querem sentir-se humanos mas sentem-se como robôs. Não percebem por que razão estão tão tristes. Há razões científicas, investigadas pela minha fundação, para o facto de te sentires triste quando olhas para o teu telefone o dia todo”, conclui.
Numa entrevista para a revista Harper’s Bazaar em fevereiro de 2014, Gaga falou sobre o seu último episódio de depressão. “Estive muito deprimida no final de 2013. Estava cansada de lutar contra as pessoas. Não conseguia sequer sentir o meu próprio coração. Estava irritada, cínica e tinha esta profunda tristeza como uma âncora que estava a pesar-me em todos os lugares onde ia. Não sentia mais vontade de lutar. Não tinha vontade de levantar-me por mim mais uma vez”, revelou.