A direção do Partido Comunista Português (PCP) vê como improvável que se chegue a um acordo com António Costa para que este lidere um governo minoritário apoiado pelos comunistas no parlamento. Esta é a conclusão a que chega o Público a partir de contactos com dirigentes comunistas que consideram arriscado entrar neste tipo de acordo com António Costa porque este, em primeiro lugar, não ganhou as eleições e, por outro lado, porque dá sinais de não dominar o próprio partido. Com o Bloco de Esquerda (BE), acrescenta o jornal, a discussão está empatada na Segurança Social.
“Uma coisa era Costa ter ganho as eleições e abrir negociações connosco, outra muito diferente é fazê-lo sem sequer dominar o seu partido”, afirmou um dos responsáveis do PCP citados pelo Público. No sábado, Jerónimo de Sousa, o líder dos comunistas, afirmou à imprensa que “nada impede o PS de formar governo e entrar em funções” e que isso só não acontecerá se António Costa não quiser.
O editorial do jornal Avante deixou claro, contudo, na última edição, que “o programa do PS não responde à aspiração de ruptura com a política de direita”. O mesmo editorial conclui apoiando “a iniciativa pela Paz e contra a NATO a realizar em Lisboa no próximo dia 24 de outubro.”
Além do impasse com a direita, que ficou patente nas declarações dos últimos dias, António Costa não está, também, a ter vida fácil nas “reuniões técnicas” com o PCP e com o BE, escreve o Público. As fontes que falaram com o jornal consideram difícil que seja possível chegar a um acordo em tempo útil, ou seja, a tempo de apresentar ao Presidente da República uma solução robusta e que garanta um acordo para uma legislatura, como pretenderá Cavaco Silva.
As negociações com o Bloco de Esquerda têm sido mais concretas e menos políticas do que os encontros de António Costa com o PCP. Mas há um “impasse real” em relação às medidas para a Segurança Social, escreve o Público.