O Banif vai precisar de reforçar a solidez de capital num valor em torno de 150 milhões de euros, mas apenas como último recurso a opção passará por um aumento de capital em bolsa. O objetivo, disse ao Observador uma fonte conhecedora do processo, continua a ser o de encontrar investidores privados que venham a substituir-se ao Estado como acionista. E, depois de uma primeira investida na primavera que não deu frutos, até ao final deste ano há a confiança de que avance um dos “mais de dois investidores de várias geografias” que estão interessados no banco. Entre estes estão chineses, mas nenhum dos que foram à fase final da compra do Novo Banco (Anbang e Fosun).
O banco estará, neste momento, com um rácio de solvabilidade de 8,5%. O Banif ainda não foi oficialmente informado pelo supervisor europeu das necessidades de capital – os maiores bancos já o foram – mas a regra aponta para uma capitalização de 9,5% de capital de primeira qualidade. Esse ponto percentual de possível insuficiência implica um reforço de cerca de 150 milhões de euros.
Uma forma de fazer esse reforço consiste num aumento de capital direto em bolsa, mas essa solução é vista como último recurso pela comissão executiva, sabe o Observador. O objetivo é o de avançar com as negociações com investidores privados e esperar que, dessa forma, a insuficiência do Banif seja colmatada.
O banco tem, neste momento, dois processos em curso – dois processos que vão em sentidos diferentes no que diz respeito à capitalização do banco. O primeiro diz respeito ao reembolso dos 125 milhões de euros do empréstimo estatal que deviam ter sido pagos até ao final de 2014. Em sentido contrário, o banco está a vender ativos que podem adicionar, também, um valor semelhante e correspondente a um ponto percentual nos rácios de capital.
Contudo, nem as vendas foram concretizadas, nem foi ainda possível reembolsar o Estado, justamente porque fazê-lo levaria a uma queda dos rácios de capital. O Banif estará perto de vender a operação em Malta, como noticiou o Observador na terça-feira, e contratou um banco de investimento para colocar no mercado a seguradora Açoreana, onde tem 47,69%. Operação que já foi vendida foi o Banif Mais, à Cofidis. O banco continua, também, a fazer ativos imobiliários, que ascendem neste momento a 700 milhões de euros no balanço.
Perante este impasse, a solução preferencial do banco continua a passar por uma venda da posição de 60,53% que está neste momento nas mãos do Estado (uma venda que poderia ser faseada ou não). A questão é o preço, já que as ações do Banif têm caído para níveis baixos, frações do custo (um cêntimo por ação) a que o Estado aplicou em ações do banco.
As ações do Banif dispararam mais de 30% na quinta-feira e voltam a subir, 4,35%, nesta sessão de sexta-feira. Nas últimas semanas, contudo, o banco tinha estado sob pressão depois de se ver envolvido na disputa política. Cada ação do Banif está a valer 0,3 cêntimos de euro.