“Nem tudo está bem na periferia da zona euro”, começam por lamentar os analistas do Rabobank numa nota enviada aos clientes. O banco holandês diz que “várias medidas” do programa do PS conhecido no sábado “deverão irritar” os credores oficiais. Será devido a este receio de um confronto com os credores, caso o PS venha a formar governo apoiado pelos partidos à esquerda, que os juros da dívida estão a disparar, para máximos de quatro meses.
O Rabobank está particularmente preocupado com dois pontos: reverter os cortes salariais na Função Pública instaurados pelo resgate da troika e cancelar as privatizações já em curso. Estas e outras medidas “provavelmente irão irritar os credores oficiais do país”, receia o banco holandês.
Perante a incerteza política em Portugal, mesmo com a perspetiva de mais estímulos por parte do BCE, investir em dívida portuguesa “não representa uma proposta de compensação suficiente”. Pelo que o Rabobank continua a não recomendar o investimento nas obrigações do Tesouro português. O mesmo banco já tinha, anteriormente, dito que via com “relutância” o investimento em dívida nacional.
Outro banco de investimento, o Royal Bank of Scotland, considera “extremamente provável” que tome o poder um “governo de esquerda com um programa anti-austeridade”. “Temos estado preocupados com a situação económica e com os desenvolvimentos políticos em Portugal, pelo que preferimos apostar na possibilidade de mais estímulos do BCE através da compra de dívida espanhola e italiana“.
O banco britânico diz que, do ponto de vista dos investidores em Portugal, “o programa da [coligação] à esquerda é claramente menos positivo”. O Royal Bank of Scotland enumera algumas das principais medidas: subida do salário mínimo, descongelamento dos salários e pensões, regresso dos feriados, limitações às execuções hipotecárias, impostos mais progressivos, semana de trabalho de 35 horas na Função Pública, redução de impostos e imposto sucessório”.
“[António] Costa garantiu que o seu governo irá respeitar o défice de 2,8% do PIB em 2016″, salvaguardam os analistas do Royal Bank of Scotland.