O governador do Banco de Portugal disse hoje que “todos os erros de política económica que se fizerem agora vão ser pagos em dois, três ou cinco anos, mas com muito mais dor”.

Carlos Costa falava no decorrer de um pequeno-almoço/conferência em Madrid, organizado pelo Fórum Nova Economia, no qual fez um resumo da situação financeira e económica de Portugal ao longo dos anos da crise e apontou as principais lições e desafios que se colocam ao país.

As declarações de Carlos Costa surgem também no dia em que o parlamento português debate moções de rejeição ao atual Governo (da coligação PSD/CDS), abrindo a porta a um executivo minoritário do PS, mas com apoio parlamentar do Bloco de Esquerda e do PCP.

No primeiro dia deste debate, na segunda-feira, as taxas de juro da dívida portuguesa subiram para máximos de julho e a bolsa portuguesa fechou em forte queda.

Carlos Costa não abordou especificamente a questão política, nem nomeou partidos ou líderes políticos, apenas apontou eventuais erros à política económica.

O governandor do Banco de Portugal afirmou que “uma política económica sustentável requer um grande ajustamento, que é muito difícil de impôr à população”, sublinhando que não há muita margem para erros.

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“Um erro é como uma droga. Ficamos dependentes e não mudamos o caminho. Ou melhor, a mudança de caminho é imposta pelo credor, pelo mercado. No fim dizem que já não é possível financiarem mais, que é preciso mudar de rumo. E quando dizem para mudar de caminho já é demasiado tarde, é porque o desvio foi demasiado grande”, disse o governador do Banco de Portugal, vincando que isso significa que se perde os ganhos conseguidos ao longo do caminho, ou seja é “um desperdício de capital, de pessoas e de processo de desenvolvimento”.

“Voltar à tendência [de crescimento e de consolidação fiscal] é muito difícil e é muito provável que não voltemos ao caminho em que estávamos”, alertou.

Por isso mesmo, os desafios de futuro, segundo Carlos Costa, passam por “continuar a consolidação fiscal”, fomentar o crescimento da economia, “equilibrar o orçamento” e “manter um orçamento primário em linha com os juros que vamos pagar”.