Uma equipa de investigação do Imperial College de Londres criou uma versão geneticamente modificada do mosquito transmissor da malária Anopheles gambiae, que é infértil. O trabalho foi publicado na revista Nature Biotechnology e promete representar um avanço significativo na luta contra a doença.
O mosquito Anopheles gambiae é uma espécie abundante na no hemisfério sul e tem vindo a ganhar terreno também no hemisfério norte graças às alterações globais. O mosquito é habitualmente conhecido como o maior assassino da história, sendo a doença responsável pela morte de mais de oitocentas mil pessoas por ano.
Segundo a investigação, duas cópias do gene mutante tornam o mosquito fêmea completamente estéril, mas basta uma cópia para que a mãe ou pai mosquito o transmita à descendência. À medida que os mosquitos com o gene mutante se reproduzem, o gene da infertilidade espalha-se por toda a população até que a espécie diminua ou desapareça.
No estudo, o gene da infertilidade foi transmitido a 90 por cento dos mosquitos (machos e fêmeas) através de cinco gerações através da tecnologia gene drive explicaram os investigadores Tony Nolan e Andrea Crisanti à BBC. Geneticamente, a cópia de um gene recessivo tem 50 por cento de hipóteses de ser transmitido à geração seguinte, mas a gene drive (uma máquina que permite manipular a forma como o código genético é passado à geração seguinte) aumenta a taxa de transmissão.
O mosquito mutante ainda transporta e transmite a malária aos humanos através de picada. Mas a sua composição genética diz que eles se devem reproduzir com e substituir outros mosquitos portadores de malária. No laboratórios, os mosquitos mutantes foram mantidos com mosquitos selvagens para que pudessem acasalar. Os mosquitos descendentes com uma cópia do gene passam essa característica para a geração seguinte e as fêmeas que herdam duas cópias do gene são incapazes de se reproduzir.
Esta forma cruzada de reprodução levará a uma extinção do mosquito Anopheles gambiae e um consequente controlo da transmissão da malária. O avanço da investigação no sentido de impedir que o mosquito chegue às pessoas tem conhecido resultados animadores, mas a equipa do Imperial College de Londres refere que ainda são necessários mais testes e não prevêem que os mosquitos mutantes sejam soltos na natureza na próxima década.