Três pessoas morreram na Colômbia com a síndrome Guillain-Barré (SGB), uma doença que ataca o sistema nervoso e provoca o enfraquecimento dos músculos e paralisia. Os três pacientes tinham também sido infetados com o vírus zika, disse ao Guardian Alejandro Gaviria, ministro da Saúde da Colômbia.
A SGB surge quando o sistema sistema imunitário começa a atacar uma parte do sistema nervoso periférico. Mais especificamente, a síndrome afeta a bainha de mielina, responsável pela transmissão rápida dos impulsos nervosos. “Isto leva a uma inflamação dos nervos que causa uma debilidade muscular, paralisia e outros sintomas”, explicou ao El País Jorge Cortés, membro da Associação Colombiana de Infetologia.
Dr. Jorge Cortes, Asociación Col. Infectología, explica qué es el Síndrome de Guillain-Barré https://t.co/HQIspjxbJ7
— MinSalud Colombia ???????? (@MinSaludCol) February 4, 2016
A morte por SGB é rara, mas Gaviria alertou para o facto de os casos mais recentes da doença na Colômbia não estarem a responder aos tratamentos tradicionais de imunoglobulina. “A taxa de mortalidade é alta”, garantiu ao Guardian.
À semelhança da microcefalia, acredita-se que o zika possa estar também relacionado com o desenvolvimento do SGB. Nos países mais afetados pelo vírus, o número de casos de SGB tem crescido significativamente, o que levou a Organização Mundial de Saúde a recomendar que se aumente a vigilância da doença. Porém, até ao momento, ainda não foi possível confirmar a ligação entre as duas doenças, das quais pouco se sabe.
De acordo com Alejandro Gaviria, já foram registados 100 casos da síndrome na Colômbia. Quanto ao zika, existem mais de 20.500 pessoas infetadas, mas as previsões apontam para que o número ascenda aos 600 mil — apenas 20% das pessoas infetadas apresentam sintomas –, tendo como base as estimativas feitas no Brasil, o país onde existem até ao momento mais casos confirmados.
Nas Honduras, os casos diagnosticados de SGB têm vindo a aumentar exponencialmente. Só em janeiro, foram identificados 13 doentes com a síndrome. “Estamos preocupados”, disse à BBC Arnold Thompson, neurologista do hospital de Mario Rivas da cidade de San Pedro Sula. “Passamos de diagnosticar dez casos de Guillain-Barré a ter 13 pacientes infetados num mês. O historial médico destes 13 pacientes indica que tiveram dengue, zika ou chikungunya antes de apresentarem sintomas de Guillain-Barré”, acrescentou.
Também na Venezuela, outro dos países afetados pelo zika, foram identificados casos recentes de SGB. Luis Rodríguez Gamero, diretor do hospital de Nueva Esparta, no norte do país, confirmou à BBC a existência de quatro casos no Hospital Luis Ortega, na cidade de Porlamar.