Cinco membros do Governo liderado pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, demarcaram-se este sábado da posição oficial do executivo e anunciaram que vão fazer campanha a favor da saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

Momentos depois de Cameron ter anunciado que o referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE vai ser realizado a 23 de junho deste ano, o titular da pasta da Justiça, Michael Gove, afirmou, num comunicado, que a saída da UE assegura ao país um “futuro melhor”.

O ministro do Trabalho e Pensões, Iain Duncan Smith, a responsável britânica para a Irlanda do Norte, Theresa Villiers, o titular da pasta da Cultura, Meios de Comunicação e Desporto, John Wittingdale, e o líder da Câmara dos Comuns, Chris Grayling, também anunciaram que não seguem a linha oficial do Governo, que apoia a permanência na UE.

Michael Gove, amigo pessoal de Cameron, admitiu que comunicar a sua posição foi “a decisão mais difícil” da sua “vida política”.

“É uma oportunidade que não surge duas vezes nas nossas vidas. Por essa razão, vou permanecer fiel aos meus princípios e vou aproveitar a oportunidade deste referendo para abandonar uma UE presa no passado”, sublinhou o ministro da Justiça britânico.

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Outros titulares de altos cargos do Partido Conservador britânico também já tinham admitido que defendiam a saída britânica, conhecida como Brexit. Foi o caso das secretárias de Estado para o Emprego, Priti Patel, e da Energia, Andrea Leadsom.

Já outros ministros, que no passado mostraram-se críticos da permanência na UE, decidiram alinhar com a posição oficial do executivo.

Entre eles está a ministra do Interior, Theresa May, o ministro da Economia, George Osborne, e o ministro da Saúde, Jeremy Hunt.

Numa breve declaração em frente ao número 10 de Downing Street (residência oficial e gabinete do primeiro-ministro britânico), David Cameron confirmou que, a partir de agora, os elementos da equipa governativa “têm a liberdade de fazer campanha em função do seu ponto de vista pessoal”.

Na mesma intervenção, Cameron argumentou que o Reino Unido ficará “mais seguro, mais forte e mais próspero no seio de uma UE reformada”, acrescentando que as concessões negociadas na sexta-feira em Bruxelas com os outros líderes comunitários dão ao país “o melhor dos dois mundos”.

Na sexta-feira à noite, Cameron conseguiu o acordo da UE para um estatuto especial do Reino Unido e reformas em quatro áreas para fazer campanha pelo ‘sim’ no referendo sobre a permanência do país entre os 28 Estados-membros: competitividade, governação da zona euro, benefícios sociais e soberania nacional.