Os chefes da diplomacia da Argélia e de Portugal destacaram hoje, em Argel, as excelentes relações bilaterais, mas concordaram que há potencial para aprofundar a cooperação, nomeadamente em novos setores como o turismo e as energias renováveis.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, reuniu-se hoje de manhã na capital argelina com o seu homólogo, Ramtane Lamamra, no âmbito da visita oficial que realiza à Argélia.

No final do encontro, o governante português salientou que as relações entre Lisboa e Argel “são muito fortes”, nomeadamente a nível comercial: de acordo com Santos Silva, as trocas ultrapassam o milhão de euros e os volumes de importações e exportações são equivalentes para os dois países.

“Mas podemos fortalecer e desenvolver as trocas”, destacou, falando em francês.

Na Argélia estão presentes mais de 90 empresas, “que estão entre as maiores portuguesas”, e algumas têm apostado nas parcerias com empresas argelinas, o que o ministro considerou ser “o caminho correto”. O setor principal é o das obras públicas, mas o chefe da diplomacia portuguesa destacou outros setores a explorar, como as tecnologias da informação, as energias renováveis e o turismo.

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“Há uma riqueza enorme do ponto de vista turístico na Argélia e há um conhecimento português nesse setor, que é uma indústria muito importante para a economia portuguesa”, apontou, garantindo que “todo o investimento e comércio argelino é bem-vindo” em Portugal.

Também a cooperação na área da defesa e segurança é importante, disse Santos Silva, que adiantou que o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, vai visitar a Argélia em breve.

Por outro lado, o governante português destacou que a Argélia “foi muito importante para a democratização do regime português”.

“De um lado, sempre apoiou os esforços do movimento democrático em Portugal, que lutavam no exílio, aqui em Argel, contra a ditadura de Salazar [como Mário Soares e Manuel Alegre]. Por outro lado, sempre apoiou os esforços do movimento anticoloniais, os movimentos de independência nacional, das antigas colónias portuguesas em África”, acrescentou.

Santos Silva também referiu exemplos de jogadores argelinos atualmente em equipas de futebol portuguesas, como Slimani e Brahimi, que disse ser “as estrelas do momento”.

Em declarações à Lusa, o chefe da diplomacia argelina, Ramtane Lamamra, salientou que as relações entre os dois países “são excelentes” e “há uma base muito importante de amizade”, mas considerou que “o potencial não está ainda totalmente alcançado e há trabalho a fazer”.

A nível comercial, “é preciso diversificar as relações para novos setores”, como as novas tecnologias e as energias renováveis.

“A Argélia é um país imenso, com dois milhões de quilómetros quadrados, onde o sol nunca se esconde. Há um potencial para a energia solar que devemos impulsionar, beneficiando a economia argelina, mas também europeia e africana”, disse.

Lamamra considerou ainda que “os amigos portugueses têm um papel importante no reforço das relações entre a África do Norte, o mundo árabe e a Europa” e disse ter “muita consideração e estima pelo papel do presidente [José Manuel Durão] Barroso na Comissão Europeia e pelo [antigo] Presidente [Jorge] Sampaio” como alto representante das Nações Unidas para o Diálogo das Civilizações.

“Juntos podemos impulsionar as relações de amizade e de parceira e ao mesmo tempo a cooperação internacional contra os flagelos do terrorismo e o tráfico de droga e humano”, sublinhou.