O tribunal da Grande Loja Legal de Portugal / GLRP, a maçonaria regular portuguesa, expulsou três dos seus membros depois de estes terem tentado implementar um rito português nas lojas que conduziam, apurou o Observador. Os três maçons estavam suspensos desde outubro, altura em que lhes foram aplicados processos disciplinares por desrespeitarem as regras da organização maçónica.

Um dos elementos expulsos pertencia à Loja Marechal Teixeira Rebelo e outros dois pertenciam à Loja Portugalis. Aliás, um deles era já um histórico na maçonaria e chegou a responder num tribunal criminal pelo crime de difamação – um processo ligado à história da Grande Loja Legal de Portugal e que pode ser lido aqui. Trata-se de José Manuel Moreira, que o Observador tentou contactar sem sucesso. Há ainda um quarto elemento, da loja Niny Sequeira, que terá sido suspenso por três anos.

Ao que o Observador apurou, os quatro mestres tinham sido alvo de um processo disciplinar no final de setembro e três deles foram agora expulsos por decisão unânime dos membros do departamento jurídico da loja. Uma decisão já comunicada a todas as lojas da Maçonaria Portuguesa e a todas as Maçonarias Regulares a nível internacional.

O Observador contactou o Grão-Mestre da Grande Loja Legal de Portugal / GLRP, o autarca socialista Júlio Meirinhos, que remeteu declarações para o grande correio-mor da organização, Paulo Noguês. Por seu turno, quando contactado pelo Observador, Paulo Noguês preferiu não tecer qualquer comentário.

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O Observador apurou junto de fontes da instituição que o grupo de maçons expulsos terá criado um “Rito Português”, com regras e simbolismos próprios a serem usados em cada sessão maçónica. O rito era seguido já há cerca de um ano e terá sido proibido pelo atual Grão-Mestre, Júlio Meirinhos, quando foi eleito em junho de 2014. No entanto, os mestres terão desrespeitado essa ordem.

Na loja regular são usados vários ritos, mas a criação de um novo rito parece não ter sido bem aceite. Os mestres que o seguiam chegaram mesmo a ser acusados de estarem a tentar criar uma nova maçonaria de cariz irregular. Em julho, o Grão-Mestre terá proibido o uso desse rito, por não o reconhecer, mas os agora membros expulsos terão continuado a utilizá-lo, criando uma divisão interna na instituição. O desrespeito pela ordem do Grão-Mestre levou a uma troca de correspondência e terminou na suspensão dos seus membros. Os processos disciplinares culminaram agora com três expulsões e uma suspensão.

Há já quem diga que se trata “de uma manobra política” no seio da organização, uma vez que este ano se devem realizar eleições na Grande Loja Legal de Portugal / GLRP. Na história da organização, porém, este não é o primeiro episódio que mancha a harmonia e a “fraternidade” que devem ser mantidos pelos “irmãos”. Recorde-se que a própria Loja nasceu como a resolução de um conflito.