Pelo menos 57 antigos prisioneiros de Guantanamo foram transferidos para 13 países africanos, entre eles um para Cabo Verde, a que se juntarão, em breve, outros dois aceites segunda-feira pelo Senegal, noticia esta quarta-feira a revista Jeune Afrique.

Segundo a edição online da revista sobre atualidade africana, com sede em Paris, 53 dos 59 antigos detidos na prisão norte-americana em Cuba são originários do continente africano, tendo, na sua maioria, sido transferidos para o país de origem.

Apenas quatro Estados aceitaram receber prisioneiros de outras nacionalidades – o Senegal aceitou dois líbios a 3 de abril, o Gana dois iemenitas em janeiro último, Marrocos um líbio (transferido em 2004 e que morreu em 2009) e Cabo Verde um sírio, em julho de 2010.

Por países, a Argélia é o país que mais prisioneiros de Guantanamo, com 17, seguindo-se Marrocos (13), Sudão (doze), Somália (três), Tunísia, Gana Líbia e Mauritânia (todos com dois) e Uganda, Cabo Verde, Egito e Chade (todos com um).

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A primeira transferência de prisioneiros da prisão de Guantanamo para África ocorreu a 1 de julho de 2003, quando o marroquino Abdullah Tabarak, foi transportado para Marrocos.

Tabarak era suspeito de ter apoiado a fuga de Osama Bin Laden, em outubro de 2001 e, segundo as últimas informações, o suspeito estará em liberdade no seu país de origem.

Esta situação é uma “exceção” que, segundo o Jeune Afrique, foi denunciada por vários observadores, permanecendo um “mistério” nunca explicado pelas autoridades marroquinas.

Os ex-detidos de Guantanamo, lembra a revista francófona de atualidade africana, raramente encontram a liberdade, mesmo que nunca tenham sido declarados culpados.

Em Guantanamo, prisão que a administração norte-americana de Barack Obama pretende encerrar até ao final do atual mandato, em 2017, permanecem ainda 89 detidos. Em 2009, Guantanamo albergava 242 detidos.

Segundo a imprensa norte-americana, prevê-se nas próximas semanas que mais prisioneiros sejam transferidos para outros países.

Segundo o Departamento de Estado norte-americano, dos 89 que ainda permanecem na prisão norte-americana em Cuba, 37 receberam autorização para serem transferidos.

Dos restantes 52, 10 enfrentam acusações ou foram condenados em processos diante de comissões militares e os demais são considerados muito perigosos para serem libertados ou transferidos, embora todos os casos devam ser reavaliados.

A administração norte-americana enfrenta a oposição do Congresso e dos republicanos ao novo plano para encerramento de Guantanamo, que inclui uma transferência de presos para prisões nos próprios Estados Unidos, tendo já sido identificados 13 locais para receber entre 30 a 60 prisioneiros.

Prisões de alta segurança já existentes nos estados do Colorado, Kansas e Carolina do Sul estão entre as localizações disponíveis, não se ponde de parte a possibilidade de se fazerem obras em várias bases militares no país para receber os detidos de Guantanamo.