“A arte de chorar em coro”
Erling Jepsen
(Cavalo de Ferro, tradução de João Reis)
Como o Verão pelas nossas paragens costuma ser “de ananases” poderá ser refrescante rumar a um pacato recanto rural da Dinamarca na década de 1960, para acompanhar a vida de uma família disfuncional, narrada pelo filho mais novo, Allan, de 11 anos, com um humor involuntário, seco e deliciosamente gelado.
“Augusto: De revolucionário a imperador de Roma”
Adrian Goldsworthy
(A Esfera dos Livros, tradução de Margarida Luzia)
São quase 600 páginas sobre o primeiro imperador romano, por um dos maiores especialistas neste período histórico. Júlio César tinha tomado Gaius Octavius como filho adoptivo, mas este tinha apenas 19 anos quando César tombou sob os punhais dos conspiradores e estava longe de dispor dos meios e aliados dos rivais na luta pelo poder. O seu triunfo é uma história de fria determinação.
“A invenção da Natureza”
Andrea Wulf
(Temas & Debates, tradução de Pedro Vidal)
Uma biografia do naturalista, geógrafo e explorador Alexander von Humboldt, “um herói esquecido da ciência”. Humboldt foi um dos primeiros pensadores a ter uma visão holística da Natureza e foi precursor dos movimentos ambientalistas. O livro inclui ascensões a picos nevados dos Andes, que proporcionam algum alívio da canícula.
“Reinos desaparecidos: História de uma Europa quase esquecida”
Norman Davies
(Edições 70, tradução de Miguel Mata)
Agora que o Brexit parece ter deixado a Grã-Bretanha mais perto da desagregação (a Escócia, o País de Gales e a Irlanda do Norte têm motivação adicional para dissolver os vínculos com Inglaterra) e da irrelevância, é ainda mais oportuno ler este livro que recorda vários países europeus, alguns deles com um passado glorioso, que foram engolidos por vizinhos mais poderosos ou implodiram sem ajuda externa. O livro, de extraordinária densidade e a regurgitar de figuras históricas e topónimos estranhos ao leitor português, é ideal para ser lentamente degustado, um capítulo de cada vez.
“Vozes de Chernobyl: História de um desastre nuclear”
Svetlana Alexievich
(Elsinore, tradução de Galina Mitrakhovich)
A autora (Prémio Nobel da Literatura 2015) apaga-se e deixa o palco às testemunhas do desastre nuclear de Chernobyl. Dez anos de entrevistas a 500 pessoas, transcritas em dezenas de milhares de páginas, foram miraculosamente condensadas num livro de 328 páginas que irradiam sofrimento, abnegação, incompetência, temeridade, impotência e miséria humana.