Momentos antes de avançar com um camião sobre a multidão que se concentrava na Promenade des Anglais, em Nice, no dia nacional de França, Mohamed Lahouaiej-Bouhlel enviou um SMS a pedir mais armas. A informação adensa as suspeitas sobre a existência de cúmplices do atentado terrorista, cuja autoria foi entretanto reclamada pelo auto-proclamado Estado Islâmico. As autoridades francesas já detiveram mais dois suspeitos neste domingo, que se juntam aos cinco presos no sábado.
A informação sobre o SMS enviado pelo autor do atentado do seu telemóvel na noite de quinta-feira foi avançada pela televisão francesa BFMTV que adianta ainda que Lahouaiej-Bouhlel terá enviado a mensagem às 22h27 (locais). A mensagem continha ainda outra indicação que as autoridades ainda estão a tentar decifar:
Traz mais armas, traz em 5 a C”
O autor do atentado de Nice esteve por duas vezes no local do ataque antes de o concretizar, para se inteirar da forma como o poderia executar, indicaram este domingo fontes oficiais. Várias testemunhas deram conta de que Lahouaiej-Bouhlel se deslocou ao local na véspera e antevéspera do ataque com o camião que provocou, a 14 deste mês, 84 mortos e mais de 200 feridos na Promenade des Anglais (Passeio dos Ingleses), em Nice.
Entre as centenas de testemunhas já ouvidas pelos investigadores, prosseguiu a fonte citada pela Lusa, muitas deram conta da religiosidade do autor do atentado, entretanto reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI), indicando também tratar-se de uma pessoa com um perfil desequilibrado, o que era até gora desconhecido dos serviços secretos franceses.
As autoridades francesas têm avançado que o atacante se radicalizou “muito rapidamente” e que vários familiares e amigos indicaram que Lahouaiej-Bouhlel fumava e bebia e que nunca tinha frequentado uma mesquita.
Desta forma, o perfil do autor do atentado começa a definir-se e as novas indicações acabam por pôr em causa a eficácia francesa na luta contra o terrorismo. Segundo testemunhos dos vizinhos de Lahouaiej-Bouhlel, apresentado pelo EI como “um soldado do Estado Islâmico”, além de “desequilibrado”, eram frequentes as “crises” com a família.
Na quinta-feira à noite, um camião avançou durante dois quilómetros sobre uma multidão que estava na Promenade des Anglais (Passeio dos Ingleses), em Nice, a assistir ao fogo-de-artifício para celebrar o dia de França.
Mais dois detidos. Já são sete
A polícia francesa efetuou este domingo mais duas detenções, um homem e uma mulher, com aparentes ligações ao condutor do camião que avançou sobre uma multidão há três dias e que causou 84 mortos e cerca de 300 feridos, indicou fonte judicial.
Cinco outras pessoas estão já detidas, entre elas a ex-mulher de Mohamed Lahouaiej-Bouhlel, um tunisino que aparentemente não tinha quaisquer ligações ao terrorismo, mas que a polícia admite ter-se radicalizado “muito depressa”. O grupo extremista Estado Islâmico já reclamou a autoria do atentado.
Na quinta-feira à noite, um camião avançou durante dois quilómetros sobre uma multidão na Promenade des Anglais (Passeio dos Ingleses), em Nice, que estava a assistir ao fogo-de-artifício para celebrar o dia de França.
O último balanço das autoridades francesas aponta para 84 mortos e cerca de 300 feridos. Pelo menos um cidadão português ficou ferido no ataque, confirmou o Governo. O condutor do camião foi abatido pela polícia.
As autoridades francesas consideraram estar-se perante um atentado e o Presidente da França, François Hollande, anunciou o prolongamento por mais três meses do estado de emergência que vigora no país desde o ano passado.
Artigo atualizado às 13h15 com novos dados sobre a investigação