Luís Marques Mendes considera que a entrada em cena de Assunção Cristas na corrida à Câmara de Lisboa “é uma espécie de xeque-mate ao PSD”. Para o antigo líder social-democrata a decisão da presidente do CDS coloca Pedro Passos Coelho numa situação complexa entre fazer uma coligação, o quer seria “um suicídio” e um “sinal de fraqueza”, e escolher “um candidato vitorioso”, o que é cada vez “mais difícil”.
No seu habitual espaço de comentário na SIC, Marques Mendes sublinhou que “quanto mais tempo o PSD demorar a decidir uma candidatura, mais favorece Assunção Cristas”. Com esta candidatura, a líder democrata-cristã, acredita o comentador, não pretende apenas reforçar a sua posição no partido mas também “medir votos com o PSD“, para depois reforçar a posição negocial nas próximas eleições legislativas.
Quem ficou feliz com o avanço de Assunção Cristas, apontou o ex-líder do PSD, foi Fernando Medina, atual presidente da Câmara de Lisboa — com os antigos aliados divididos, o socialista parte, em teoria, como grande favorito. “Fernando Medina esfregou as mãos de contente. Deve ter aberto uma garrafa de champanhe”, sugeriu Marques Mendes.
Mas este não foi o único tema deixado pelo comentador na SIC. Marques Mendes acredita que o Governo vai avançar “com um agravamento de impostos indiretos” e introduzir alterações no IRS, desde logo com o desdobramento do 1º escalão, “para agradar ao PCP”, e a subida da taxa de solidariedade, para “agradar ao Bloco de Esquerda”. As hipóteses “estão a ser estudadas”, insistiu o antigo presidente do PSD.
Outro cenário em cima da mesa do comentador. O Governo aprovou um decreto-lei que obriga os bancos a comunicarem ao Fisco contas com saldos acima de 50 mil euros. Ora, segundo Marques Mendes, Marcelo Rebelo de Sousa vai fazer uma de duas coisas: ou envia o diploma para o Tribunal Constitucional ou faz um veto político. “Promulgar é que não vai“.
Logo em agosto, numa altura em que o Governo parecia ter desistido da ideia depois das críticas da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNDP), o Presidente da República deixou implícito um veto ao diploma. “Falou-se nisso, eu de repente ao ver tantas notícias cheguei a ficar apreensivo que a questão se colocasse, porque, se se colocasse, da minha parte não teria acolhimento algum. Mas felizmente não se coloca”, afirmou então Marcelo.
Ora, para Marques Mendes “o Governo amuou e decidiu fazer a lei“, entrando em “conflito aberto com o Presidente da República”, em nome de uma lei que “é um exagero”, provavelmente “inconstitucional” e representa um ato de “devassa da vida das pessoas”.
O social-democrata não deixou de falar sobre o código de conduta aprovado pelo Governo na sequência do caso Galpgate. O jurista elogiou a intenção, mas considera que o diploma “soa um bocadinho a falso“, “um bocadinho ridículo” e está “cheio de buracos”. O que os governantes precisavam e precisam de ter é “bom senso”, reiterou Marques Mendes, que aproveitou ainda para criticar o rumo até agora escolhido pelo Executivo de António Costa em matéria de crescimento económico.
“Não vejo ninguém do Governo a falar sobre como pôr a economia a crescer. O investimento está uma desgraça, os níveis de exportação muito mais, o crescimento económico é inferior ao do ano passado… Ninguém fala de produzir riqueza”, apontou Marques Mendes.