O sol começa a descer na linha do horizonte assim que se chega ao Hotel Monverde – Wine Experience, a mais de 360 quilómetros de Lisboa e a outros 60 da Invicta. A luz enfraquecida não impede, porém, de avistar o cenário em redor, maioritariamente verde e com a natureza a brotar a cada canto, seja na forma de árvores que aparecem desprevenidas nas orlas da estrada, seja na imensidão de vinhas que desfilam ordenadas à vista desarmada.

Estamos na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, que se estende pela zona tradicionalmente conhecida como Entre-Douro-e-Minho. E não, o vinho que se faz por cá não é de cor verde e a vindima não é feita com uvas ainda por amadurecer. Aquela que em termos de área geográfica é a maior região demarcada do país deve o seu nome ao manto esverdeado que a envolve e o Monverde, o primeiro hotel vínico por estas bandas, não foge à regra. Inserido numa propriedade de 30 hectares, este complexo de enoturismo está rodeado por videiras que espelham na perfeição o tipo de clientes que aqui chegam desde maio do ano passado: todos os “enocuriosos” são bem-vindos.

IMG_6168

A casa principal, onde atualmente se encontra a receção e o restaurante, era a antiga casa senhorial da propriedade. (foto: Ana Cristina Marques/Observador)

Ainda longe de completar duas vindimas, o Monverde já leva no currículo a eleição de “Best Wine Tourism 2016”, na categoria de arquitetura e paisagem, atribuída pela Great Wine Capitals. O feito não vem ao acaso: o projeto arquitetónico assinado por Fernando Coelho foi pensando ao pormenor, com o hotel a fundir-se na paisagem. Para isso contribui a predominância da madeira, da pedra e dos tons verde-azeitona que, em conjunto com o ciclo natural das videiras e suas cores, desenham um postal digno de admiração.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O que visitar na região dos Vinhos Verdes?

Mostrar Esconder

A página oficial dedicada aos Vinhos Verdes sugere alguns pontos de paragem quando em visita à região. É o caso do Palácio da Brejoeira, classificado como Património Nacional desde 1910 e que além do palácio tem uma capela e jardins visitáveis, a Quinta da Aveleda, com uma ligação secular ao vinho, ou a Adega Casa da Torre, reconhecida pelo seu projeto de arquitetura.

Uma volta de 360º graus permite ver as cinco castas — Loureiro, Avesso, Arinto, Touriga Nacional e Vinhão — que contornam as três estruturas do hotel, em diferentes pontos da propriedade. A casa principal, recuperada a partir de uma antiga casa senhorial, acolhe a receção, o restaurante, o wine bar e ainda o spa e a piscina interior e exterior. Já os 29 quartos e o único apartamento — que constituem dois blocos distintos e que em tempos foram as casas dos caseiros e, no caso do apartamento, o antigo espigueiro — estão separados pela distância mas próximos na identidade: a decoração deixada ao cuidado de Paulo Lobo aposta num ambiente minimalista mas acolhedor, pautado por tons terra e onde a madeira cede apenas espaço às janelas de grandes dimensões que estão, na sua maioria, viradas para a vinha.

FullSizeRender

O hotel está rodeado por 22 hectares de vinhas.
(foto: Ana Cristina Marques/Observador)

Não é difícil perceber que aqui o vinho é o ator principal, o protagonista de uma história com raízes familiares — o Monverde é detido pela produtora Quinta da Lixa, criada em 1986, e que atualmente conta com cerca de 15 referências vínicas no universo dos vinhos verdes, incluindo o Pouco Comum, o Alvarinho português mais vendido nos Estados Unidos da América.

A maior parte dos vinhos da Quinta da Lixa tem lugar de destaque na garrafeira do restaurante do hotel e também nas provas aí organizadas. E mesmo que o vinho no copo esteja a um golo do fim, o néctar que deus Baco ajudou a imortalizar está presente um pouco por todo o lado, incluindo na escultura suspensa junto à receção que mostra 366 folhas de videira esculpidas na madeira com rostos desenhados em homenagem aos trabalhadores que em tempos lavraram estas terras.

FullSizeRender (1)

Os programas propostos aos hóspedes acompanham o ciclo de vida das videiras.
(fot0: Ana Cristina Marques/Observador)

O objetivo é que os clientes tenham contacto com o vinho durante todo o ano, pelo que as atividades propostas contemplam o ciclo de vida das videiras. Se até 15 de outubro é possível arregaçar as mangas e vindimar, nos próximos meses os hóspedes serão convidados a participar, a título de exemplo, na poda ou na desfolha. Além disso, há programas fixos, como aquele que permite aos amantes do vinho ser enólogos por um dia e, assim, criar o seu próprio blend.

A ideia de construir o hotel surgiu da necessidade (e vontade) da Quinta da Lixa em apostar no enoturismo, visto que por ano já recebia mais de 2.600 turistas em visitas planeadas. O alojamento foi a cereja (ou a uva) no topo do bolo — o que era para ser uma pequena casa para receber amigos tornou-se, pedra sobre pedra, numa unidade sem precedentes na região.

Nome: Hotel Monverde Wine Experience
Morada: Quinta de Sanguinhedo, Castanheiro Redondo, Telões, Amarante
Telefone: 255 143 100
Preço: Quarto duplo a partir de 110€ com pequeno-almoço incluído.
Site: www.monverde.pt