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  • E é com esta que o deixo, caro leitor. Obrigado por ter estado connosco em mais uma noite de política norte-americana.

    Obrigado por acompanhar o Observador. Não se esqueça: daqui a umas horas, teremos um artigo com o resumo do debate desta noite.

    Bom descanso e um excelente início de semana!

  • Posto isto, pode dizer-se que este debate foi bastante mais renhido do que o primeiro. Incrivelmente, apesar de um início agressivo e centrado em questões pessoais, discutiu-se política — incluindo temas que ainda não tinham sido referidos nos dois debates que já passaram, como a saúde e o ambiente.

    Antes do debate, as sondagens estavam do lado de Hillary Clinton. Segundo FiveThirtyEight, que entre todos os agregadores de sondagens é aquele que tem sido mais contido a calcular uma vantagem da democrata, Hillary Clinton aparecia como tendo 81,5% de probabilidade de vencer as eleições. Bem acima dos 18,4% de Donald Trump.

    Resta saber se a prestação de Donald Trump nesta noite foi o suficiente para fazer as pazes com o eleitorado (as sondagens caíram a pique contra o republicano desde o primeiro debate, a 26 de setembro) e, mais importante para o republicano, se consegue chegar a setores que até agora não se abriram à sua retórica. Refiro-me, de forma geral, a três categorias demográficas: o eleitorado feminino, os latinos e os afro-americanos.

  • Notas rápidas:

    • O debate começou agressivo, com a polémica recente de Donald Trump e de uma gravação controversa de 2005 revelada pelo Washington Post na sexta-feira a ser o assunto principal no início do debate. Trump disse que era “conversa de balneário” e negou ter feito as coisas que referiu no vídeo.
    • Donald Trump tentou evitar o tema do seu vídeo de 2005, desviando o debate para outros assuntos. Falou do Estado Islâmico, dos e-mails de Clinton e, como já tinha prometido, das acusações de violação que têm manchado Bill Clinton durante a sua carreira política
    • Donald Trump preparou-se para este debate. E não estou a falar apenas das trocas de acusações. Estou a falar de política, de números, de temas. Só lhe fica bem, depois de ter demonstrado um grau de preparação substancialmente aquém do de Hillary Clinton no primeiro debate.
    • Hillary Clinton não surpreendeu: recusou várias acusações de Donald Trump, remeteu muitas vezes os espectadores para o seu site (onde era feito um fact-check em direto do debate), referiu várias vezes os seus “mais de 30 anos de serviço público”.
    • Donald Trump admitiu que usou a lei para não pagar impostos depois de ter declarado prejuízos na ordem de 916 milhões de dólares em 1995. Porém, não disse durante quantos anos é que não pagou impostos.
    • Donald Trump assumiu sem qualquer problema que discorda do seu candidato a vice-Presidente, Mike Pence, que referiu que os EUA devem atacar Assad e a Rússia — no primeiro caso, se houver crimes de guerra em Aleppo; no segundo caso, se houve “provocações”. Donald Trump sublinhou que a prioridade é o combate ao Estado Islâmico.

  • E já está! Acabou o segundo debate presidencial, que começou de forma agressiva e terminou com uma nota surpreendentemente agradável, com os dois candidatos a trocarem elogios, a pedido de um membro da plateia. Até trocaram um aperto de mãos, coisa que não fizeram no início do debate.

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  • Ora aqui está uma bela pergunta: “Apesar da atual retórica, podem referir uma coisa que respeitam um no outro?”

    Clinton

    “Eu respeito os filhos dele. Os filhos dele são incrivelmente capazes e comprometidos, e isso diz muito sobre o Donald. Eu não concordo com nada do que ele diz ou faz, mas eu respeito isso. E isso é algo muito importante para mim, como mãe e avó. Eu acredito que estas eleições têm sido tão confrontacionais porque há muito em jogo. Isto não é uma ocasião e umas eleições comuns. Vamos escolher um Presidente que vai escolher políticas não só para os próximos 8 anos.”

    Trump

    “Ela não desiste e eu respeito isso. Eu digo as coisas como elas são. Ela é uma lutadora e eu discordo de muitas das coisas pelas quais ela luta. Eu discordo com as suas decisões em muitos casos, mas ela luta no duro e ela não desiste, e eu acho que isso é uma boa característica.”

  • Trump

    “A [indústria] energética está sob ataque da administração de Obama”, refere Donald Trump, que tem feito da expressão “guerra contra o carvão” um slogan da sua campanha. “Temos encontrado nos últimos anos uma enorme riqueza debaixo dos nossos pés”, disse, referindo-se a energia fóssil, como carvão e petróleo. E acusou a EPA, autoridade de proteção do ambiente de estar a prejudicar os EUA.

    Clinton

    “Pela primeira vez somos independentes na energia”, referiu Clinton. “Temos de nos manter independentes, dá-nos muito mais poder e livres de preocupações no Médio Oriente, já temos preocupações que cheguem lá.” Além disso, sublinhou que “não queremos deixar as pessoas para trás”, referindo-se aos trabalhadores da indústria mineira. “Temos de ver isto de forma sensata”, disse, sem acrescentar pormenores, referindo que isso está tudo no seu site de campanha.

  • Nova pergunta: como é que vão responder às nossas necessidades energéticas, protegendo o ambiente e garantindo empregos ao mesmo tempo?

  • Clinton

    “Eu quero escolher juizes que sabem como o mundo funcionam e que têm experiência”, referindo que o atual Supremo Tribunal não tem funcionado bem. Mas também quer manter algumas coisas: a despenalização do aborto e o casamento homossexual, atualmente consagrados em todos os EUA. E criticou a posição do Senado, dominado pelo Partido Republicano, que impediu Barack Obama de nomear Merrick Garland para o lugar que ficou vago no Supremo Tribunal, depois da morte do conservador Antonin Scalia.

    Trump

    Trump começou por elogiar Scalia e disse que quer nomear um juiz “nos moldes” de Scalia. E defendeu a Segunda Emenda, que fala sobre “o direito de erguer armas”. Depois, sobre o financiamento das campanhas políticas, Donald Trump referiu que no final de contas terá investido mais de 100 milhões de dólares do seu próprio bolso na sua campanha. Disse-o contrapondo com Hillary Clinton, que tem recebido donativos. “Porque é que não põe o seu dinheiro na sua campanha?”

  • Nova pergunta sobre o Supremo Tribunal, que tem uma vaga. “A que é que dariam prioridade no processo de seleção de um juiz do Supremo Tribunal?”

  • Anderson Cooper relembra que Donald Trump uma vez escreveu num dos seus livros que um líder precisa de “disciplina” e de seguida confrontou-o com os tweets que escreveu de madrugada sobre Alicia Machado, a ex-Miss Universo que Hillary Clinton referiu no primeiro debate e que acusa Trump de a ter insultado. Num dos seus tweets, Trump falava de uma sex tape.

    “Eu não disse que era para irem ver a sex tape, eu disse para irem ver como era a pessoa que ela fez crer que era uma ótima pessoa, uma escuteira”, disse Donald Trump, desviando a conversa para o atentado terrorista de 2012 contra o consulado dos EUA em Benghazi, na Líbia, que também ocorreu durante a madrugada e que tem sido uma cruz para Hillary Clinton, então Secretária de Estado.

  • Agora, sobre a gaffe de Hillary Clinton, que chamou “deploráveis” a metade dos apoiantes de Trump.

    “Eu pedi desculpa horas depois, porque a minha discussão não é com os apoiantes dele, é com ele”, disse. “O que ele disse sobre afro-americanos, latinos, muçulmanos, prisioneiros de guerra, deficientes, ele nunca pediu desculpas.”

  • E agora a resposta de Hillary Clinton:

    “Eu tentei toda a minha vida fazer o que posso para ajudar as crianças e as famílias”, garantiu, dizendo que tem orgulho dos 30 anos que tem de “serviço público”. E agora volta a fazer pela miléééésima vez nesta campanha uma revisão do seu currículo. “Eu acho que quando lemos as cartas que eu recebo, muitas destas pessoas que me escrevem não teriam lugar na América de Donald Trump. Uma mulher falou-me do seu filho que adotou na Etiópia. Ele veio quando era bebé, este país foi o único que ele conheceu. Ele ouve Donald Trump na televisão e pergunta-lhe se o vão mandar para fora do país se Trump for Presidente.”

  • Pergunta: Acredita que pode ser um Presidente comprometido com todas as pessoas do país?

    Trump

    “Claro. Ela chama a nossa parte deploráveis e irremediáveis”, disse, referindo-se a uma gaffe de Hillary Clinton, que se referiu nesses termos sobre metade do eleitorado de Trump. E depois falou dos acordos comerciais pela primeira vez neste debate. Primeiro o NAFTA, assinado por Bill Clinton, referindo que é “provavelmente o acordo comercial mais desastroso do mundo”. E depois sublinhou a mudança de opiniões de Hillary Clinton sobre o TTP.

    “Eu seria um Presidente para toda a gente, para os afro-americanos, para os subúrbios”, disse “O mesmo para os latino-americanos, os hispano-americanos. Eles falam e não fazem nada.” E continua: “Eu tenho dito nos últimos discursos: o que é vocês têm a perder?”. Esta é uma pergunta que Donald Trump tem dirigido ao eleitorado afro-americano. Mais uma vez, Trump lembra-se destes temas quando a pessoa que lança a pergunta é negra.

  • Clinton assegura que não vai “usar tropas na Síria”, referindo-se a soldados no terreno e disse apoiar o que “está a ser feito agora”.

    “O Donald diz que sabe mais sobre o EI do que os generais, mas não sabe”, disse, referindo-se a uma tirada passada de Trump. E disse que “ponderaria armar os curdos”. Na verdade, os EUA já o fizeram.

  • Faltam aproximadamente 15-20 minutos para o fim do debate.

  • Agora o tema é a guerra na Síria, com atenção particular para a situação em Aleppo. Pergunta: se for Presidente o que é faria sobre a Síria e a crise humanitária em Aleppo? Não é como o Holocausto, quando a América demorou a atuar e só o fez quando já era demasiado tarde?

    Clinton

    “Há um esforço determinado da força aérea da Rússia para destruir Aleppo para eliminar os últimos rebeldes que estão contra o regime de Assad. A Rússia não quer saber do EI, eles querem manter Assad no poder”, disse Clinton, sublinhando que quer fechar o espaço aéreo da Síria. “A Rússia decidiu meter todas as fichas na Síria e também querem decidir quem é que vai ser Presidente dos EUA. Eu já me levantei contra Rússia, contra Putin, e é assim que vou ser como Presidente”, disse, para depois referir que vai querer investigar crimes de guerra de Assad e da Rússia.

    Trump

    “Ela fala duro contra a Rússia mas o nosso programa nuclear está atrasado e eles estão muito à frente”, disse Trump, referindo-se à Rússia. “Ela fala a favor dos rebeldes mas nem sabe quem eles são”, acrescentou. “Quase tudo o que ela fez na política internacional foi um desastre”, referindo a situação na Líbia. “Ela quer lutar pelos rebeldes, quer lutar, mas aqui está um problema: você nem sabe quem são os rebeldes. Eu não gosto de Assad, mas o Assad está a matar o EI. A Rússia está a matar o EI. E o Irão está a matar o EI. E eles os três estão juntos por causa do nosso falhanço internacional”.

    A moderadora insiste para que Trump responda à pergunta, sublinhando que no debate entre os candidatos a vice-Presidente, o seu número dois, Mike Pence, falou a favor de ataques contra Assad e que os EUA deviam responder a “provocações russas”. Trump assumiu que discorda dele, sem aparente hesitação.

  • Agora Hillary Clinton faz a lista habitual de feitos ao longo da sua carreira política: começando nos anos de primeira-dama, passando pelo tempo em que foi senadora e terminando no mandato como Secretária de Estado.

  • “Ninguém que faz mais de 250 mil dólares por ano — e isso é a maioria dos americanos — vai ter um aumento dos impostos”, assegura Hillary Clinton.

    “Eu quero ter um imposto para pessoas que fazem 1 milhão de dólares por ano”, acrescentou. “Eu quero investir em vocês, eu quero investir em famílias trabalhadoras.”

    E depois acusa Trump de pagar “zero” impostos.

    Depois, pressionado pelo moderador Anderson Cooper, Donald Trump respondeu que usou as leis existentes nos EUA para não pagar impostos [num período que pode ter ido até 18 anos, Trump não quis dizer quantos] depois de ter declarado 916 milhões de dólares em prejuízo em 1995. “Sim, eu fiz isso e também os amigos dela”, disse, referindo a Warren Buffet e George Soros.

    E depois acusa Hillary Clinton de tomar “más decisões” — um soundbite de Bernie Sanders que Donald Trump já usou pelo menos três vezes esta noite.

  • Donald Trump pergunta diretamente a Hillary Clinton porque é que nunca mudou as leis fiscais — que ele próprio reconheceu que o têm beneficiado — quando esteve no Senado. E depois diz que vai cortar os impostos à classe média e que Hillary Clinton quer aumentá-los.

    Trump diz que os impostos nos EUA são “quase os maiores do mundo”. Não é bem verdade — vide um país chamado Portugal, por exemplo.

  • E agora uma pergunta sobre impostos. “O que é que podem fazer para assegurar que os americanos mais ricos pagam uma quantidade justa de impostos?”

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