O referendo em Itália que está agendado para daqui a pouco mais de um mês, 4 de dezembro, deverá mesmo ser realizado apesar do terramoto (e respetivas réplicas) que abalou o centro do país na semana passada. O ministro da Administração Interna, Angelino Alfano, tinha confirmado que existem cada vez mais vozes no parlamento a pedir o adiamento, enquanto se lida com os estragos causados pelos sismos, mas o gabinete do primeiro-ministro excluiu, esta manhã, essa hipótese.

Segundo declarações do governo italiano citadas esta manhã pela Bloomberg, está descartada a hipótese de um adiamento do referendo que vai votar uma alteração constitucional que retirará poderes ao Senado e concentrará as responsabilidades legislativas no Congresso. O referendo foi lançado por Matteo Renzi, que fez depender do “sim” às alterações constitucionais a sua permanência no governo. Desde então, contudo, o responsável tem vindo a recuar um pouco nessa garantia de que sairia caso os italianos não permitissem a alteração das regras que, segundo Renzi, colocam o país num impasse político constante em que é difícil aprovar reformas.

A recusa em adiar o referendo cria alguma perplexidade porque esta quarta-feira foi pela boca do próprio ministro da Administração Interna, Angelino Alfano, que se falou num possível adiamento. “Não pedimos qualquer adiamento da data da votação, mas se parte da oposição estiver disponível para admitir uma hipótese desse género, estou convencido de que será um gesto que será recebido com elevada estima”, afirmou o ministro, em declarações ao Corriere della Sera.

O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, viajou na terça-feira até Perci, no centro de Itália, e garantiu diante dos habitantes de zonas atingidas pelo sismo de domingo, que tudo será reconstruído, pedindo, no entanto, tempo para o fazer, adiantou a AFP.

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“Estou aqui para dizer que não será fácil, que será demorado (..), mas pouco a pouco tudo será reconstruído”, disse o chefe do Governo de Itália, frente aos habitantes da pequena aldeia, uma das mais atingidas pelo sismo de magnitude 6,5 na escala de Richter que assolou na manhã de domingo a região.

Várias aldeias ficaram quase totalmente destruídas pela força do tremor de terra, o mais violento em Itália desde 1980. É o caso de San Pellegrino ou de Castelluccio di Norcia, um burgo medieval que se tornou numa aldeia fantasma onde apenas um punhado de pessoas escolheu ficar depois do abalo.

O primeiro-ministro italiano já havia garantido no domingo que cada casa, cada igreja, cada loja seria reabilitada nas regiões afetadas em pouco mais de dois meses por três sismos devastadores. O primeiro, a 24 de agosto, fez quase 300 mortos. Na passada quarta-feira e domingo, dois outros abalos não provocaram vítimas, à exceção de alguns feridos ligeiros, mas deixaram um rasto de destruição.

Um cão foi resgatado com vida dos escombros na madrugada de segunda-feira para terça-feira em Norcia, uma localidade pitoresca que dista apenas seis quilómetros do epicentro do sismo de domingo. Milhares de pessoas ficaram desalojadas e foram obrigadas a abandonar as suas casas destruídas ou sem condições de segurança depois dos três sismos. Cerca de 22 mil pessoas foram alojadas pelas autoridades em hotéis ou aldeamentos turísticos na costa adriática, deserta de turistas nesta altura do ano.