Várias contas de Twitter pertencentes a membros da chamada alt-right (direita alternativa) norte-americana foram suspensas por conterem apelos ao ódio e ao racismo. Entre as contas bloqueadas encontra-se a de Richard Spencer, o presidente do National Policy Institute (NPI), um think-tank nacionalista, e que é considerado o pai do movimento alt-right. Foram ainda suspensas as contas do próprio NPI e do Radix Journal, órgão de comunicação da organização. Segundo o Financial Times, Richard Spencer não foi avisado do bloqueio, e não planeia regressar à rede social.
“O Twitter tornou-se uma praça pública digital. Se foge a essa responsabilidade, optando antes por censurar o conteúdo, não tenho vontade de voltar à plataforma”, disse o líder do NPI, que se dedica à promoção da supremacia branca e que lidera o movimento não oficial da direita alternativa. Foi, aliás, Richard Spencer quem popularizou o termo alt-right, arregimentando um grande número de apoiantes para o movimento, que depois se mobilizaram particularmente em torno da campanha eleitoral de Donald Trump.
O bloqueio às contas ligadas à alt-right acontece na semana em que o Twitter introduziu uma nova funcionalidade para detetar mensagens de ódio e de racismo, e que permite aos utilizadores bloquear todos os tweets que contenham determinadas palavras ou expressões. Segundo um responsável da rede social citado pelo FT, “as regras do Twitter proíbem ameaças violentas, assédio, comportamento de ódio e o abuso do número de contas”. O mesmo responsável garante que a rede social irá “tomar medidas em relações às contas que violem estas políticas”.
Em declarações ao Daily Caller, o líder do movimento de extrema-direita, que quer ser uma alternativa à direita conservadora dos EUA, diz que se trata de “estalinismo corporativo”, acusando o Twitter de querer “apagar a existência da alt-right“. Além das contas oficiais de Richard Spencer, do NPI e do Radix Journal, foram ainda suspensas várias contas pessoais, pertencentes a apoiantes do movimento. O Twitter também foi a plataforma preferida de Donald Trump durante a campanha eleitoral, onde recebeu um forte apoio dos simpatizantes da alt-right.
O nacionalista Matt Heimbach, líder do Partido Tradicionalista dos Trabalhadores, um partido político baseado na supremacia branca, já veio criticar a purga da rede social. “Há muita preocupação para nos tentar parar, quer o próprio sistema, quer as grandes multinacionais como o Twitter ou a Google”, acusa Heimbach, citado pelo USA Today, acrescentando que “já é tarde”, pois novas contas vão ser criadas por cada uma que seja bloqueada. No seu Twitter, que permanece ativo, o líder garante que “a mensagem do nacionalismo nunca será silenciada”.
https://twitter.com/MatthewHeimbach/status/798928785814982660