As Nações Unidas admitiram esta sexta-feira que a ameaça do grupo islâmico radical Boko Haram está a comprometer os esforços para fazer chegar ajuda a dezenas de milhares de refugiados nigerianos a viver em condições sub-humanas no norte dos Camarões.

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) fez saber que uma das suas equipas conseguiu visitar no início do mês algumas zonas até agora inacessíveis, como os distritos de Fotokol e Mogode, junto à fronteira no extremo norte dos Camarões com o nordeste da Nigéria.

A equipa do ACNUR ajudou a registar mais de 21 mil refugiados que escaparam aos ataques do Boko Haram no nordeste da Nigéria nos últimos dois anos e estão a viver há meses com a ajuda de famílias frequentemente muito pobres, disse esta sexta-feira em conferência de imprensa em Genebra Leo Dobbs, porta-voz do ACNUR, citado pela agência France Press.

Foi a primeira vez que conseguimos visitar estas pessoas e acredita-se que há muitas mais”, disse. A ONU estima que existam cerca de 27 mil refugiados nigerianos a viver fora dos campos de refugiados na região.

De acordo com Dobbs, estas pessoas “necessitam de ajuda humanitária urgente”, e a o ACNUR “gostaria de ajudar e de ter ajudado de alguma forma, mas a permanente ameaça do Boko Haram impede o acesso regular”.

O grupo islâmico radical Boko Haram, ativo em vários países da África Ocidental — Nigéria, Níger, Camarões e Chade — matou pelo menos 20 mil pessoas na região e é responsável por mais de 2,6 milhões de refugiados nos últimos seis anos de insurgência.

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