Depois de Donald Trump ter classificado a política alemã de apoio aos refugiados de “catastrófica“, a resposta de Berlim não se fez esperar: “Nós, europeus, temos o nosso destino nas nossas mãos. Ele [Trump] apresentou a sua posição, uma vez mais. Já a conhecíamos há algum tempo. As minhas posições também são conhecidas”, afirmou Angela Merkel, em declarações à agência Reuters.

Mais duro, no entanto, foi Sigmar Gabriel, vice-chanceler, ministro da Economia e líder do Partido Social-Democrata (SPD) alemão, parceiro de coligação da CDU de Angela Merkel. Em declarações ao jornal Bild, o número dois do Governo alemão defendeu que a crise de refugiados às portas da Europa está diretamente ligada à “política intervencionista falhada” dos norte-americanos, “sobretudo no Iraque”. E aconselhou alguma responsabilidade a Trump.

“O meu conselho é de que seria melhor não estarmos a recriminar-nos uns aos outros, e empenharmo-nos em estabelecer a paz no Médio Oriente e fazer tudo o que esteja ao nosso alcance para garantir que as pessoas possam ali encontrar um lar outra vez”, reiterou alemão.

No domingo, numa entrevista ao jornal britânico The Times e ao jornal alemão Bild, Donald Trump não só teceu críticas à estratégia alemã em matéria de refugiados, como sugeriu que pode estar a preparar um agravamento fiscal para carros alemães, como medida de dissuasão de importação de automóveis da Alemanha. “Se descermos a Quinta Avenida [em Manhattan, Nova Iorque] toda a gente tem um Mercedes-Benz em frente a casa, certo? Quantos Chevrolet é que vê na Alemanha? Não haverá muitos, se calhar nenhum”, explicou Trump.

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A defesa da posição alemão seria liderada, mais uma vez, por Sigmar Gabriel. O social-democrata sugeriu que, se os norte-americanos adquirem mais carros alemães do que norte-americanos, a solução é simples: “Construam melhores carros”.

Além disso, continuou, uma política de maior protecionismo em relação à indústria automóvel alemã teria um efeito perverso para a economia norte-americana.

“A indústria americana terá um amanhecer difícil se de repente tiver de pagar uma tarifa dessas por todos os componentes que usa mas que não são feitos nos Estados Unidos. Creio que [uma medida dessa natureza] vai enfraquecer a indústria norte-americana. É preferível esperar para ver o que pensa o Congresso sobre essa matéria, visto que o Congresso está cheio de gente que quer o contrário de Trump”, defendeu Sigmar Gabriel.