O relatório final do grupo de trabalho sobre a dívida – que junta Governo, PS e Bloco de Esquerda – deverá estar pronto até ao final do mês. Apesar da expectativa, entre os socialistas a ordem continua a ser uma: a discussão sobre a reestruturação da dívida só deve ser colocada num contexto de discussão comum no espaço europeu.

De acordo com o jornal i, o Governo socialista quer evitar que o relatório final do grupo de trabalho seja entendido como uma espécie de acordo público para avançar unilateralmente com a reestruturação da dívida pública — algo que faria soar todos os alertas em Bruxelas. De resto, e como avança o mesmo jornal, não está excluída a hipótese de João Leão, secretário de Estado do Orçamento e representante do Governo no grupo criado para discutir a sustentabilidade da dívida pública portuguesa, não assinar o relatório final, mesmo depois de ter feito parte das reuniões de trabalho.

Neste momento, socialistas e bloquistas estarão já a tentar ultimar um texto comum, que reúna os contributos e as propostas dos vários intervenientes. O relatório final será mais técnico do que propriamente político e deverá incluir uma análise detalhada à sustentabilidade da dívida, para depois sugerir vários cenários de reestruturação.

Ao jornal i, o deputado socialista Eurico Brilhante Dias assegura que “o governo não tomará a iniciativa de iniciar a discussão [sobre a dívida] de forma isolada”, explicando que “a questão só será suscitada se e quando for colocada no contexto europeu”. E todos querem evitar uma eventual colagem ao caso grego. Daí a preocupação em definir este documento como técnico e não político.

No sábado, foi a vez de António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), a juntar-se ao coro dos que defendem a reestruturação da dívida pública. “Esta dívida tem que ser gerível. O problema é que temos uma enorme e pesada mochila às costas, chamada dívida pública, a par de outra, que é a dívida privada. Temos que tratar da dívida privada, reestruturando empresas, capitalizando-as, dando-lhes tempo, tornando viáveis as que são viáveis, mas que têm estruturas financeiras debilitadas neste momento, aliviando o [crédito] malparado da banca simultaneamente, e a dívida pública, que tem o peso de juros que estamos a pagar e tem que ser gerida”, afirmou o “patrão dos patrões”.

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