Durante algumas horas foi possível ver nas ruas de Madrid um autocarro cor-de-laranja que se passeava com uma mensagem considerada ofensiva para os cidadãos transexuais, sobretudo crianças. Mas voltou às “boxes” sob um coro de duras críticas de cidadãos revoltados com uma mensagem que consideram discriminatória.

https://twitter.com/EvaDRiobello/status/836944559317913602

“Os meninos têm um pénis e as meninas uma vulva. Não te deixes enganar. Se nasces homem, és homem. Se és mulher, continuarás a ser”, lê-se na parte lateral do autocarro que está a enfurecer os ativistas pelos direitos dos cidadãos transexuais. O autocarro faz parte da luta da associação ultra-católica do Hazte Oir que se opõem ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, à interrupção voluntária da gravidez e à escolha livre de sexo. A Polícia Municipal de Madrid já apreendeu o autocarro e o comandante da divisão de segurança, Javier Barbero, disse aos jornalistas que as autoridades tinham intercetado “o veículo da vergonha” e que será retirado da cidade assim que possível.

No plano original do Hazte Oir estava previsto um périplo por várias cidades espanholas, mas muitas já estão a tentar encontrar forma de impedir a sua circulação do autocarro, tal como Madrid fez. Há várias hipóteses previstas na lei das quais os ativistas se podem munir para impedir que esta mensagem seja visível. Entre elas a proibição de colocar publicidade em locais públicos sem autorização prévia.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Através do seu presidente, Ignacio Arsuaga, a Hazte Oir, disse que a “tour” foi pensada como uma forma de defender “a biologia das espécies”, “a liberdade ideológica” e a “liberdade de expressão” num momento em que estes conceitos se encontram, na sua opinião, “armazenadas dentro do lóbi gay e seus tentáculos na política e na comunicação social”. Arsuaga disse que o autocarro “não pretende discriminar nem ofender ninguém” mas sim denunciar “a apropriação da educação dos nossos filhos, que temos direito de educar segunda a nossa consciência”.

Esta ação surge como reação à campanha da associação de famílias com menores transexuais Chrysallis Euskal Herri, que lançou, no País Basco, o slogan “Há meninas com pénis e meninos com vulva. É simples”.