A Rússia apelou esta quinta-feira a Kiev que “reconsidere a sua decisão” de proibir a entrada em território ucraniano da candidata russa que deveria participar no concurso musical Eurovisão, que se realiza em 13 de maio, na Ucrânia.

“Do nosso ponto de vista, esta decisão é extremamente prejudicial e injusta e nós realmente esperamos que seja reconsiderada”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, aos jornalistas, referindo que espera que a “candidata russa possa participar” da Eurovisão.

O serviço de informação ucraniano (SBU) proibiu, na quarta-feira, a entrada de Ioulia Samoilova na Ucrânia por três anos, acusando-a de ter realizado um concerto em junho de 2015 na Crimeia, cerca de um ano após a anexação da península ucraniana pela Rússia.

Guerra Rússia-Ucrânia… no festival da Eurovisão

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Dmitri Peskov também referiu que Kiev “está a diminuir o prestígio da competição” ao privar um grande país como a Rússia de participar na Eurovisão.

“De maneira geral, não estou enervada (….). Devo continuar. Penso que de alguma forma tudo vai mudar”, disse na quarta-feira à noite Ioulia Samoilova ao canal público Perviy Kanal, que deverá transmitir a competição musical para a Rússia. A cantora de 27 anos, que possui uma deficiência e usa uma cadeira de rodas, não compreende como o Governo ucraniano pode considerá-la uma ameaça.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, declarou que a responsabilidade desta decisão ficará “na consciência dos organizadores” na Ucrânia, segunda a agência de notícias Interfax. Esta quinta-feira, os meios de comunicação russos levantaram a possibilidade de um boicote da emissão na Rússia. Ioulia Samoilova foi selecionada em 12 de março e iria interpretar na Eurovisão uma balada romântica intitulada “Uma Chama Queima”.

O Festival Eurovisão da Canção é regularmente abalado por tensões políticas. A Rússia e a Ucrânia estão em conflito desde a anexação da Crimeia, em 2014, seguido por um conflito armado no leste da Ucrânia entre Kiev e as forças separatistas pró-russas que já deixou mais de 10.000 mortos.