Quatro pessoas foram mortas a golpes de faca na manhã desta sexta-feira em Tamel de São Veríssimo, no concelho de Barcelos. A GNR confirma que as vítimas são um casal (com 80 e 84 anos), uma mulher com cerca de 60 anos e uma outra com 37 anos. Esta última estava grávida de sete meses e a bebé também morreu. A GNR indica ainda que as vítimas foram degoladas “através de ataque à zona do pescoço”. O alegado homicida entregou-se às autoridades e confessou os crimes.
O suspeito é Adelino Briote e tem de 63 anos. As vítimas são António Vale e Maria Glória, de 84 e 80 anos, respetivamente, Maria do Sameiro, de 66 anos, e Marisa Rodrigues, de 37, que tinha uma filha de sete anos e estava em termo de gravidez da segunda filha.
O Observador viu o suspeito no local acompanhado por agentes da GNR e por um homem não fardado. É possível que estivesse a reconstituir o crime com as autoridades.
De acordo com alguns relatos dos moradores, as vítimas foram encontradas mortas em três casas diferentes. A grávida terá sido morta na sua casa, mesmo ao lado da residência de Adelino Briote. E o assassino terá, segundo o Correio da Manhã, atirado depois a arma para o telhado de uma casa vizinha. José Pereira, primo do casal mais idoso, contou aos jornalistas que foi ele que chamou as autoridades, a pedido do próprio Adelino Briote. “Ó Pereira, pede a um agente para vir ter comigo”.
Na sequência do pedido, José Pereira não fez perguntas e chamou um agente de autoridade que ficou a falar com Briote e depois seguiu até à casa de uma das vítimas, com o suspeito atrás. “Quando o agente regressou já o trazia agarrado pelo braço”, explicou o familiar do casal de idosos assassinados que ainda garante que uma das vítimas Briote “escapou”, ou seja, que havia uma quinta pessoa de quem o suspeito poderia querer vingar-se.
Segundo o presidente da junta de freguesia, João Abreu, as vítimas são vizinhos do homicida e não têm relaçao de parentesco com ele. Por trás do assassinato estará o facto de estas quatro pessoas terem recusado depor como testemunhas abonatórias num caso de violência onde o provável homicida era o arguido. Faria dois anos este sábado desse caso de violência doméstica pelo qual acabou por três anos e dois meses de pena suspensa em novembro do ano passado. “Como as pessoas não testemunharam a seu favor, ele entretanto veio a casa assassinar as pessoas”, disse, em entrevista à TVI 24.
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Ao contrário do que foi inicialmente avançado, Adelino Briote não usava uma pulseira eletrónica, informou ao Observador a Direção-Geral da Reinserção Social.
O local do crime — em concreto, a Travessa de São Sebastião, em Tamel de São Veríssimo, concelho de Barcelos — está vedado pelas autoridades. O incidente levou à deslocação de ambulâncias, viaturas e elementos da GNR e da Polícia Judiciária, a quem caberá agora a investigação do incidente.
As autoridades foram alertadas para a ocorrência às 10h50 desta sexta-feira.
Em 2015 espancou ex-sogra e filha grávida — e na altura foi notícia
Uma breve pesquisa pelo nome de Adelino Briote, o suspeito dos crimes desta sexta-feira, demonstram que o seu passado de violência doméstica já tinha sido notícia, no Correio da Manhã. No dia 28 de março de 2015, foi detido e levado a tribunal após ter espancado a ex-sogra, então com 75 anos, e a própria filha, à época grávida de 17 semanas. Adelino Briote agrediu-as com uma barra de ferro, pontiaguda, na sequência de a sua ex-mulher o ter deixado. Em 2013 consumou-se o divórcio. Mas Adelino achava que ninguém tida ficado do seu lado, pode ler-se no processo, a que o Observador teve acesso.
Adelino morava mesmo ao lado da ex-sogra. Na altura ficou sujeito a termo de identidade e residência, e também proibido de circular na freguesia. Também não podia aproximar-se das vítimas.
“Quando chegámos ao local, deparámos com um cenário de extrema violência”, relatou ao Correio da Manhã Jorge Cruz, dos Bombeiros de Barcelos, em março de 2015. A ex-sogra tinha uma perna partida e “vários ferimentos no corpo”. A filha, com 32 anos e grávida de 17 semanas, foi encontrada “com muito sangue na cara e ferimentos por todo o corpo, exceto na barriga, que foi a única coisa que protegeu”.
Depois disso, diz o JN, a mulher e os filhos emigraram para França e Adelino teve tratamento psiquiátrico. No início deste ano terá voltado à casa da família e jurado vingança.