“Hoje parece que tenho um buraco no estômago”. Quem nunca? Pois bem, há dias em que nos sentimos especialmente esfomeadas. Mas será o suficiente para comer quatro toneladas de camarão? Talvez não. Comecemos pela baleia azul. Sabia que, por dia, as baleias comem cerca de 40 milhões de crustáceos minúsculos? Mas talvez fique admirado com outros bichos que não a baleia.

Para além das profundezas do mar, existem ainda animais terrestres que têm de se alimentar abundantemente, de forma a manter a sua estrutura. Como o elefante. O elefante africano. Quem o explica é Norman Owen-Smith, especialista em elefantes, que diz que os machos adultos podem comer cerca de 1% do seu peso corporal e as fêmeas 1,5%. Os machos podem pesar até seis toneladas, o que equivale a cerca de 60 quilos de alimentos. Comer 1% do seu peso não é muito, mas comer 60 quilos talvez o seja.

Elefante

O panda gigante é outro comilão. Este animal pode passar 14 horas do seu dia a comer. O elefante pode passar 18 horas. Por dia, o panda pode comer cerca de 12,5 quilos de bambu, o suficiente para obter a nutrição que precisa. E sim, eles vão muitas vezes à ‘casa de banho’. Mas alguns estudos têm sugerido que esta forma de passar quase o dia todo a comer não é a mais indicada para o seu sistema digestivo.

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Panda

Mas depois de três animais grandes, um mais pequeno: os morcegos castanhos. Saiba que este pequeno animal é capaz de comer mil mosquitos em apenas uma hora, dizem as investigações. Mas estudos mais recentes sugerem que estes dados são demasiado elevados, conta a BBC.

Brock Fenton, da Universidade de Western, Canadá, afirma que estes resultados são apenas uma confusão entre dois estudos diferentes da década de 1950, de duas espécies diferentes de morcegos. Bock afirma que estes dados são simplesmente “absurdos”. Segundo o especialista, estes dados foram obtidos a partir do exame de um único morcego, apenas num período de alimentação, o que não dá os dados precisos para tal afirmação.

Mais: os pequenos morcegos castanhos não comem apenas mosquitos, mas também borboletas, por exemplo. Um recente estudo vem afirmar, na verdade, que os mosquitos são apenas uma pequena fração da sua alimentação. Ainda assim, um outro estudo, este japonês, afirma que, de facto, os morcegos otimizam ao máximo a sua caça. Este estudo sugere que, antes de terem acabado a refeição, os morcegos já estão a pensar na próxima. Quando voam, os morcegos já vão a pensar qual a rota para petiscar pelo caminho.

Morcego

Mas existem outros pequenos mamíferos com reputação de comilões: os musaranhos. Por norma, este pequeno animal, que parece quase um ratinho, come a cada duas ou três horas e consome cerca de 80% a 90% do seu peso. Na mesma família, o musaranho pigmeu pode comer até 125% do seu peso corporal.

Estes pequenos animais têm um metabolismo bastante rápido, o que significa que a energia dos alimentos que comem se gasta muito rapidamente. Desta forma, os animais têm de se alimentar de forma bastante regular e abundante, especialmente de invertebrados.

Musaranho

E no que toca a metabolismos rápidos, há o colibri. Este pássaro é conhecido pelo seu bater de asas extremamente rápido. Esse mesmo bater gasta imensa energia, pelo que o colibri precisa de se alimentar bem. O colibri bate as suas asas, por segundo, cerca de 50 vezes e, entre os animais vertebrados, é um dos que tem o metabolismo mais rápido.

Existem mais de 300 espécies de colibri, e a quantidade de néctar que cada um consome varia de espécie para espécie, afirma Adam Hadley, especialista. Porém, embora varie, pode-se dizer que, em média, esta espécie se alimenta de 15 em 15 minutos e come cerca de metade do seu peso corporal.

Colibri

A próxima espécie é comilona apenas em alguns momentos da sua vida – neste caso, no momento em que precisa de mais energia: quando se transforma de larva para borboleta. A borboleta Polyphemus é um destes exemplos. De acordo com o próprio livro do Guinness, esta borboleta, enquanto ainda está na fase de lagarta, na verdade, pode comer até 86 mil vezes o seu peso corporal em apenas 56 dias.

Ainda assim, tal como aconteceu com o morcego, há quem duvide. Andrei Sourakov, coordenador do Museu de História Natural da Flórida, não acredita nestes dados. O investigador afirma que as borboletas luna, que têm um tamanho semelhante, comem cerca de metade a dois terços do seu peso corporal.

Borboleta Polyphemus

Chegamos por fim ao último animal devorador: a sanguessuga medicinal. Este animal é famoso pela sua ‘habilidade’ em beber sangue. Há séculos que é utilizada para ajudar a curar feridas e a diluir sangue. Porém, mais de 700 espécies de sanguessugas alimentam-se de invertebrados e não de sangue.

Mark E. Siddall, especialista no Museu Americano da História Natural, tem visto algo interessante: várias sanguessugas em cativeiro, onde existe muita comida e nenhum predador. Segundo ele, a sua fome é “anormalmente grande”. No habitat natural, as circunstâncias podem ser um pouco diferentes e a abundância pode não ser tanta. Estes animais podem beber uma quantidade de sangue até sete vezes o seu peso corporal. O que é muito, afirma o especialista.

Sanguessuga