“É tudo feito com muito amor. Sem amor não se faz nada”, diz Graça Almeida, ao sair da copa da Petiscaria Santo António, depois de preparar para os jornalistas as novidades que agora entram no menu. Na primeira mudança sazonal da sua história, o restaurante portuense deixa de lado a morcela e os rojões, e adiciona ao menu saladas, mexilhões e opções vegetarianas, como ovos verdes e cogumelos com alho francês em massa folhada.
“Gostam? Leva brandy e um pouco de laranja“, diz, entusiasmada, perante o pastel de cogumelos e alho francês que, a partir desta quinta-feira, 20 de abril, passa a estar disponível para os clientes. Os ovos verdes, que há cerca de três anos tiveram de sair do menu, por motivos de logística, também estão de regresso, a pedido de vários clientes. E de uma assentada há dois novos pratos vegetarianos no menu. A ideia foi “dar um ar mais de primavera”, explica esta mulher de 58 anos. “Até na louça temos mais cor. A vida é feita de cor.”
Foi por amor à gastronomia portuguesa e ao filho, Tiago Almeida, que, em 2009, Dona Graça vestiu o avental deste projeto. Era temporário, um jeitinho de algumas semanas até se arranjar uma solução permanente. Mas o sucesso dos petiscos que servia no pequeno espaço, situado na Rua de São Bento da Vitória, fê-la ficar. Oito anos depois, tem agora dois espaços para alimentar — um na Rua da Assunção, ao lado da Torre dos Clérigos, com 30 lugares, e outro na Rua da Fábrica, com mais 32 lugares.
A tábua de queijos é uma das novidades. Já a salada de conserva de bacalhau foi introduzida no Verão do ano passado. © Sara Otto Coelho / Observador
Em maio do ano passado, a Casa Santo António – Tasca Gourmet passou a chamar-se Petiscaria Santo António. Foi nessa altura que se adicionaram também opções de sandes, para matar a fome entre refeições, e saladas de conservas, como a de bacalhau, de sardinha e a de filete de cavala fumado. “Não queríamos estar estáticos”, explica Jaime André, responsável pelo relacionamento com os clientes. “Com o novo nome pomos o foco nos petiscos, porque muitas vezes as pessoas querem descrever-nos a alguém e dizem que ‘é tipo tapas’. Não, nós fazemos petiscos!”
Voltemos então aos petiscos. A partir de quinta-feira vão estar disponíveis duas novas saladas, uma de salmão fumado com queijo e outra de pota com pimentos. Os mexilhões prometem ter muita saída, assim como as novas tábuas de queijos e enchidos, todos provenientes de fornecedores nacionais.
Entra também um naco de carne na pedra e dois novos acompanhamentos: as batatas crocantes feitas no forno, salgadas e ligeiramente picantes, e a couve branca com sementes de sésamo. Sobremesas novas também há: tarte de limão merengada e peras doces. Os preços ainda não estão definidos, mas os valores dos petiscos variam entre os 3,50€ e os 3,75€. e os enchidos entre 5,50€ e os 9,90€. Para acompanhar tudo há a famosa sangria ou duas novas cervejas artesanais exclusivas da casa, feitas pela Praxis, em Coimbra. A Pattria — assim se chama — está disponível desde janeiro deste ano em Pilsner e American Pale Ale.
“As batatas são feitas no forno, sem gordura”, garante Dona Graça. © Sara Otto Coelho / Observador
Até agora, Graça Almeida cozinhou sempre no espaço situado na Rua de São Bento da Vitória. Dali, os petiscos são transportados para as duas petiscarias. Os pratos frios servem-se tal como estão, mas os quentes precisam de ser aquecidos no microondas antes de chegarem à mesa. É por isso que o “plim” do eletrodoméstico se houve com frequência durante as refeições. “Pode chocar, eu compreendo, mas os petiscos são confecionados duas vezes ao dia, ao almoço e ao jantar, e alguns quando chegam precisam de algum aquecimento. Mas nós privilegiamos o resultado final, e o sabor, que é o que interessa, está lá todo”, defende Jaime André.
Com a abertura da casa original, agendada para o dia 23 de maio, após dois anos de obras, Graça Almeida vai ter de sair dali e, em troca, ganha uma nova cozinha, na Boavista, mais ampla e com mais condições. Mas as novidades não se ficam por aqui. “Vamos lançar uma marca própria de conservas”, adianta Tiago Almeida, o diretor. Vai chamar-se “Petiscaria” e as conservas vão estar à venda na loja online e no espaço de São Bento da Vitória, quando abrir.
E porque a cerveja artesanal está na moda, Tiago também vai abrir dois espaços dedicados à bebida, “um na Baixa e outro na Boavista”, adianta, sem avançar mais pormenores. Promete apenas “mais comida [no menu] do que é habitual” neste tipo de bares. Ou não fossem os petiscos a sua especialidade.
