Édouard Philippe foi anunciado como primeiro-ministro de Emmanuele Macron esta segunda-feira. O conservador moderado de 46 anos trabalhou para Alain Juppé e François Fillon, é advogado e já foi presidente da câmara de Le Havre.
“Os normandos são gente violentamente moderada mas também são conquistadores”, disse Édouard Philippe esta segunda-feira, quando Bernard Cazeneuve “lhe passou” o título de primeiro-ministro. Philippe nasceu em Ruão, na Normandia e foi escolhido por Emmanuel Macron para primeiro-ministro francês mesmo sendo um homem próximo da oposição de direita. Nesta que foi a sua primeira intervenção pública como primeiro-ministro, Philippe não tentou desviar-se do caminho que sempre seguiu: “Eu sou um homem de direita, isso não deverá surpreender-vos”, disse Philippe.
Philippe substitui o socialista Bernard Cazeneuve e, tal como Macron, é um novo rosto da política francesa, pouco conhecido do grande público. Deu os seus primeiros passos na política como membro da ala social-democrata do Partido Socialista, tendo colaborado com Juppé e ajudado a fundar a UMP, Union pour un Mouvement Populaire (em português, União por um Movimento Popular).
Durante a campanha das primárias, no mês de novembro, Phillipe foi porta-voz e colaborador de Alain Juppé, uma das figuras do conservadorismo tradicional francês. “Em França odiamos partidos, mas a democracia não existe sem eles”, escreveu Philippe, na sua coluna semanal do jornal Libération, durante a campanha.
O nome do novo primeiro-ministro foi anunciado por Alexis Kohler, o secretário-geral do Presidente Emmanuel Macron.
As reações não se fizeram esperar. À direita soam as sirenes porque a nomeação de um homem perto do Partido Republicano pode provocar a erosão no voto tradicionalmente depositado no partido.
Bruno Retailleau, líder do grupo dos republicanos no Senado, considera que esta nomeação irá “desestabilizar os eleitores”. Retailleau acredita que o nome de Philippe virá “turvar as águas” e “impedir o trabalho da oposição”, e que esta nomeação teve como único objetivo “enfraquecer a direita e desestabilizar os eleitores” antes das eleições legislativas. E vai mais longe: “É uma estratégia perigosa porque provoca fraturas e demonstra a intenção de Emmanuel Macron em dominar a oposição”.
Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa, movimento de inspiração comunista, também se mostrou desiludido. “O novo presidente quer assumir o comando de toda a classe política tradicional do nosso país. O velho mundo está de volta”, disse Mélenchon que acusou ainda Macron de “anexar a direita” ao seu governo.
Mélenchon disse que o seu movimento é agora única força unida contra Macron e a única que pode oferecer uma alternativa aos “plenos poderes que Macron quer reunir”.
Do mesmo lado posiciona-se Pierre Laurent, secretário-geral do Partido Comunista que disse, em comunicado, que esta escolha era “clara”, ou seja, “nem de esquerda nem para a esquerda”, trazendo para o poder “as antigas receitas do neoliberalismo”.
Laurent pediu, tal como Mélenchon, um voto em força na Esquerda para que ainda seja possível, “impedir as reformas na Lei do Trabalho, os planos para a despesa pública e o orçamento para as autoridades locais”. As mudanças na lei laboral francesa têm provocado enormes protestos e Macron não tem intenção de as dissolver mas sim de as aprofundar apoiando, entre outras coisas, que a negociação de horas de trabalho — e pagamento pelas mesmas — seja feito ao nível de cada empresa, colocando assim em causa os contratos coletivos de trabalho.