A Câmara Municipal do Porto já identificou as primeiras lojas históricas que passarão a estar protegidas no âmbito do programa “Porto de Tradição”. De uma lista inicial de mais de 80 espaços foram escolhidos 37, entre livrarias, cafés, mercearias, farmácias, restaurantes e ourivesarias.
O Café Guarany, que no passado disse estar sob “ameaça de extinção” por causa da nova Lei das Rendas e da maior procura no centro da cidade, por causa do turismo, está na lista. Assim como a Livraria Académica, um ato de resistência do decano Nuno Canavez, e a Livraria Lello, uma das maiores atrações turísticas da cidade, que conseguiu passar de uma situação de dificuldade para uma contabilidade muito confortável desde que passou a cobrar uma entrada de três euros por visitante.
A Favorita do Bolhão, a Casa Aleixo, o Café Piolho e o Majestic, a Arcádia, a Machado Joalheiros, a Padaria Ribeiro e o restaurante A Regaleira, onde terá nascido a francesinha, são outros dos estabelecimentos escolhidos. Também lá está a Escovaria de Belomonte, que completou recentemente 90 anos.
Um dos critérios do grupo de trabalho, constituído pela autarquia e por várias instituições da cidade, era precisamente a antiguidade: pelo menos 50 anos de serviço. Outro: “Não vamos apoiar para que se mantenham abertas se não tiverem viabilidade financeira“, já tinha clarificado ao Observador Manuel Aranha, vereador do Turismo e do Comércio. A ideia é não financiar lojas que não consigam subsistir sozinhas, criando concorrência desleal.
As 37 lojas escolhidas:
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A Favorita do Bolhão
A Sementeira
Alcino Ourives
Arcádia
Armazém dos Linhos
Armazéns Cunha
Bazar Paris
Bernardino Francisco Guimarães
Café Guarany
Café Piolho
Casa Aleixo
Casa Alvão
Casa Coração de Jesus
Casa Crocodilo
Casa dos Forros
Casa Hortícola
Casa Januário
Drograria Louzada
Escovaria de Belomonte
Farmácia Lemos
Farmácia Vitália
Livraria Académica
Livraria Lello
LMR Lda – Fábrica das Velas
London Style
Machado Joalheiros
Majestic Café
Mármores E Granitos Felisberto
Marmorista Industrial
O Cafézeiro
Ourivesaria Coutinho
Ourivesaria Eduardo Carneiro
Ourivesaria Luís Ferreira
Padaria Ribeiro
Papelaria Modelo
Restaurante Regaleira
Vidraria Fonseca
Estas lojas passam a estar protegidas pelo programa “Porto de Tradição”, que prevê a criação de uma nova lei que permita conceder benefícios no âmbito da Lei das Rendas, evitando que os proprietários dos imóveis possam despejar negócios com história facilidade. Para não penalizar os senhorios, o edil está a “estudar benefícios, nomeadamente fiscais, também para os proprietários dos imóveis com lojas históricas distinguidas”, pode ler-se na página da Câmara. Falta saber que benefícios são esses e qual o alcance do apoio dado aos lojistas.
De fora ficaram, por exemplo, o Café Ceuta, o Café Progresso e A Pérola do Bolhão. E espaços míticos da cidade, como a Adega do Olho, já não conseguiram esperar por ajuda e encerraram as portas para sempre, após a compra do edifício por parte de investidores, que optaram pelo despejo da histórica taberna.
Uma vez divulgada a lista oficial de estabelecimentos e associações essenciais para a história e a cultura do Porto, Manuel Aranha sublinhou que “haverá espaço para que outros lojistas possam candidatar-se, caso considerem que cumprem os critérios”. A proposta da classificação destas lojas irá ser votada na terça-feira, em reunião de Câmara, altura em que os vereadores vão discutir a criação de um regulamento para o efeito.