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Churchill chamou-lhe "o milagre de Dunquerque". O que foi e porque inspirou um filme?

Este artigo tem mais de 5 anos

Foi uma das batalhas mais relevantes da II Guerra Mundial e chega agora aos cinemas pelas mãos do realizador Christopher Nolan. Mas o que aconteceu em Dunquerque em 1940?

A operação Dynamo estendeu-se de 22 de maio a 5 de junho e foi decisiva no avanço das forças nazi
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A operação Dynamo estendeu-se de 22 de maio a 5 de junho e foi decisiva no avanço das forças nazi

Wikimedia Commons

A operação Dynamo estendeu-se de 22 de maio a 5 de junho e foi decisiva no avanço das forças nazi

Wikimedia Commons

“Um milagre de salvamento, alcançado pelo valor, pela perseverança, pela perfeita disciplina, pelo serviço impecável, pelos recursos, pela habilidade, pela fidelidade inconquistável, é óbvio para todos nós.”

Foi com este discurso que Winston Churchill brindou o resgate de mais de 330 mil soldados das tropas aliadas em 1940. A Batalha de Dunquerque registou perdas materiais colossais para as forças opositoras de Hitler, mas especialmente para as tropas britânicas. A pequena cidade portuária no norte de França foi palco de uma das batalhas mais difíceis da II Guerra Mundial, que chega agora ao grande ecrã pelas mãos de Christopher Nolan. Como se desenrolou esta batalha e por que inspirou um filme?

Temos de recuar até ao período da “Guerra Estranha”, aquele período de vai ou não vai do início da II Guerra. Entre as mútuas declarações de guerra da França e do Reino Unido à Alemanha, a 3 de setembro de 1939, e a primeira invasão fronteiriça a 10 de maio de 1940, registaram-se meses de uma paz tensa. Sem conflitos armados, os dois lados da batalha preparavam homens e armamento, exercícios e estratégias que se provaram bem ensaiados na Batalha de Dunquerque.

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Tudo começou a 11 de maio de 1940: as divisões alemãs avançavam com eficácia pela região das Ardenas, invadiam os Países Baixos e atravessavam a Bélgica. Com as tropas aliadas a defenderem a fronteira francesa, as forças alemãs movimentaram-se então para norte, para conquistar Calais, deixando cerca de 400 mil soldados aliados cercados em Dunquerque.

Neste momento, e com 800 mil militares alemães à perna, era claro para os Aliados que a batalha estava perdida e que a prioridade era retirar os soldados com segurança. Para a nação de Churchill não havia escolha: ou se retiravam com eficácia ou teriam que se render à Alemanha.

Com pouca margem de manobra, e com as tropas alemãs a marchar em direção a Dunquerque, os Aliados iniciaram a operação que ficou conhecida como Dynamo.

Uma batalha travada no ar

Inicialmente, a 22 de maio, o objetivo era resgatar cerca de 44.000 soldados em dois dias mas imediatamente as intenções redobraram-se: os Aliados tencionavam assim resgatar 120.000 soldados em menos de uma semana. Para além das embarcações a caminho, zarparam para Dunquerque dez contratorpedeiros (navios de guerra). Já estávamos a 28 de maio. Vários milhares de soldados foram resgatados nesse dia, e outras operações durante a tarde tiveram sucesso, mas os alemães intensificaram os ataques aéreos e nove dos dez contratorpedeiros afundaram. Neste dia, a Royal Air Force (Grã-Bretanha) perdeu 177 aeronaves: a Luftwaffe (Alemanha) perdeu 132.

Com os primeiros ataques feitos no ar, a 29 de maio a divisão panzer alemã chega a Dunquerque e o conflito intensifica-se. Só na madrugada de 30 de maio é que um grande número de pequenas embarcações consegue resgatar cerca de 30.000 homens. Um dia depois, a 31 de maio, as tropas aliadas viram-se encurraladas num estreito de cinco quilómetros. A operação Dynamo só terminaria por completo a 4 de junho, com mais de 150.000 soldados das forças aliadas a serem resgatados até ao dia 1 de junho.

Foi graças ao papel preponderante da Força Aérea Britânica que estes soldados se conseguiram aguentar tanto tempo em Dunquerque. Contas feitas, foi uma vitória da Alemanha nazi.

Olhando para estes números é óbvio que não foi uma vitória dos Aliados. Mesmo resgatados mais de 300 mil soldados, cerca de 80 mil morreram e 40 mil foram capturados. As baixas humanas não ajudaram a moral dos soldados e as perdas materiais reveleram-se pesadas para o exército britânico: foram precisos meses para repor todo o material perdido. A 4 de junho, Churchill diria que “contra esta perda de mais de 30 mil homens [sem contar com os de outras nacionalidades], temos a certeza de que infligimos mais perdas no inimigo. Mas as nossas perdas em material são enormes”.

Ainda assim, Dunquerque foi “um milagre” mas, como Churchill assegurou: “as guerras não se vencem com evacuações” e, sem surpresa, mais de mil civis perderam a vida nos mútuos bombardeamentos, havendo relatos de familiares de soldados que dão conta de crianças a deambular pela praia.

Do palco de guerra ao grande ecrã

Com o filme Dunkirk a chegar às salas de cinema portuguesas esta quinta-feira, 20 de julho, Christopher Nolan afasta-se dos filmes de diálogo intenso e adota um “estilo mudo”, de acordo com os críticos dos jornais britânicos – que dão um maior destaque ao retrato cinematográfico do conflito do que quaisquer outros.

Pelo menos desde o lançamento de Inception (2010) que o nome de Nolan roça as ambições de Kubrick, ou não partilhassem o mesmo estúdio: a Warner Bros. A ligação é reforçada por Nolan, ele mesmo, aquando do lançamento de Interstellar (2014), ao comparar o filme ao clássico 2001, de Kubrick.

O filme Dunkirk compromete-se a retratar os acontecimentos da Operação Dynamo e conta com Fionn Whitehead, Tom Glynn-Carney e Jack Lowden no elenco. Para além de elementos históricos, o filme foi rodado em muitas das localizações que, há mais de 70 anos, foram palco de uma das mais relevantes batalhas da II Guerra Mundial.

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