Assim como há os campeões na pista, também existem vencedores de bancada. E não, não estamos a falar dos adeptos mais fiéis ou excêntricos. E não, também não estamos a falar daquela simpática e saltitona mascote da edição de 2017 que anda pelo Estádio Olímpico de Londres a dar cambalhotas pelas bancadas. Falamos dos treinadores, aquelas peças invisíveis do sucesso dos atletas que estão ali ao lado a apoiar, a dar indicações e a fazer gestos antes e depois de cada salto. E, neste particular, Ivan Pedroso completou o cartão de triunfos com a medalha de Nelson Évora na final do triplo salto.

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Para mal das ambições nacionais, o antigo campeão cubano do salto em comprimento que treina agora em Guadalajara um conjunto de saltadores, entre os quais o português, tinha começado por ganhar em dose dupla as apostas no triplo salto feminino: conseguiu colocar a espanhola Ana Peleteiro nas oito primeiras da final (a maior surpresa do concurso, que acabou por atirar Patrícia Mamona para a nona posição) e viu a venezuelana Yulimar Rojas conquistar a medalha de ouro frente à rival colombiana Caterine Ibargüen. 100% de sucesso.

“Queríamos muito que a Yuli Rojas ganhasse e que a Ana fosse finalista. Sobretudo a Ana era muito importante, tendo em vista os próximos anos. Cumpriu-se, foi uma noite perfeita. E celebrámos um bocadinho”, contou ao diário As após a prova. “Tenho seis atletas e há um grande feeling entre eles, que é o mais importante. Com eles, sinto-me vivo. Em Guadalajara trabalhamos de forma tranquila, é uma cidade perfeita para treinar. Estamos muito concentrados, todos se ajudam, puxam uns pelos outros nos treinos… A chave é a comunicação”, acrescentou.

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Agora, não foi perfeito… mas quase. Apesar da falta de medalhas de cubanos (Cristian Nápoles ficou no quarto lugar, Andy Díaz acabou na sétima posição), os seus “meninos” foram dois dos maiores destaques da final: Nelson Évora conseguiu ganhar a medalha de bronze dez anos depois de ter sido campeão mundial em Osaka (já depois de ter ganho o ouro este ano nos Europeus de Pista Coberta), ao passo que o azeri nascido em Cuba Alexis Copello conseguiu fazer o seu melhor da época, com 17,16, que lhe valeu o quinto posto.

Nascido em Havana, Iván Pedroso, hoje com 44 anos, foi um dos atletas mais dominadores na década de 90, numa carreira onde já saltava acima dos oito metros no comprimento com apenas 17 anos. Com rivais como Carl Lewis ou Mike Powell, foi conseguindo construir a sua história na disciplina que só não teve mais expressão a nível olímpico por causa de algumas arreliadoras lesões. Ainda assim, somou um ouro nos Jogos de 2000, quatro consecutivos em Campeonatos do Mundo ao Ar Livre (1995, 1997, 1999 e 2001) e cinco seguidos nos Mundiais de Pista Coberta (1993, 1995, 1997, 1999 e 2001).

Como treinador, Pedroso já tinha tido também os seus sucessos, nomeadamente com o francês Teddy Tamgho, último gaulês a ganhar uma medalha de ouro em Mundiais antes do triunfo de Pierre-Ambroise Bosse nesta edição (2013). Antes desse triunfo, o saltador tinha somado vitórias em Mundiais de Juniores, Mundiais de seniores de Pista Coberta e Europeus de Pista Coberta.