Maria Ramadas estudou biologia celular e molecular. Como é que chegou a sócia de uma marca de gelados? Bem, para explicar isso é preciso recuar até 2011, altura em que andava meio mundo a lambuzar-se com iogurte gelado. Meio mundo, mas não Maria. Apesar de sempre ter gostado de sobremesas fresquinhas, começou a questionar se o frozen yogurt (o estrangeirismo sobrepôs-se à versão portuguesa) seria assim tão saudável como se pintava. Usou as bases da química que já sabia de cor e salteado, estudou as receitas e chegou à conclusão de que era um engano.

“Na maioria dos casos, não estamos a comer iogurte, mas sim leite, açúcar, água e aromas de iogurte”, afirma Maria. E será que é possível fazer algo mais saudável, ou pelo menos mais autêntico? Maria voltou ao laboratório e saiu de lá com uma fórmula. Com a receita do iogurte gelado nasce a Fini e, passado pouco tempo, uma gelataria sobre a praia, em Sesimbra. Espaço e negócio apareceram quase em simultâneo. A marca cresceu aos poucos e, depois do iogurte natural acompanhado de toppings gulosos, vieram os gelados, resultado de mais um regresso às velhas práticas laboratoriais.

Mesmo com os frascos da Fini a chegarem a quase todo o país, a gelataria da Fini, em Sesimbra, continua aberta. Os gelados são servido em taças ou em cones. © José Carlos Nero

E fazê-los artesanalmente era a única hipótese em cima da mesa. Menos natas, mais leite, logo, menos gordura. Ao mesmo tempo, desde o primeiro dia que as receitas da Fini concentram mais fruta, sempre que possível comprada a produtores locais. “É por isso que o sabor é mais denso, que conseguimos sentir os filamentos da manga e as grainhas dos morangos nos gelados”, completa Maria Ramadas. Utilizar cada fruta no pico da sua época só ajuda. A verdade é que depois de provar um destes, é difícil perder-lhe o rasto.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A baunilha, o doce de leite, a avelã e o chocolate são os quatro sabores base. A estes juntam-se os sorvetes de limão, manga, morango e kibana, uma mistura de kiwi e banana, imediata apenas para os mais perspicazes. A carta não acaba aqui. Entretanto, a Fini lançou quatro sabores compostos: stracciatella com café, cheesecake de frutos silvestres, chocolate branco e maracujá e banana e manteiga de amendoim. E tudo com uma proporção que, no máximo, chega às 180 calorias por cada 100 gramas (um sorvete, por exemplo, nem sequer chega às 100). Sabores não faltavam e o passo seguinte da marca foi arranjar maneira de chegar a todos os pontos do país. Aí, vieram os Fini Cups. “Percebemos que não havia oferta de bons gelados fora das gelatarias”, continua Maria.

O gelado de bana e manteiga de amendoim, uma das novidades deste verão. © Divulgação

A lacuna foi preenchida. Atualmente, a Fini chega a cerca de 90 pontos de venda, de Braga a Faro, e da sede, em Porto de Mós, Leiria, saem à volta de cinco mil pequenos frascos de vidro. Em Lisboa, pode encontrá-los no Miradouro de São Pedro de Alcântara, nos restaurantes Hamburguês e no Choupana Caffe, entre outros pontos de venda. No Porto, o Café do Cais e a Casa das Bôlas são dois dos sítios a vender os famosos copinhos. E se, durante o verão, os gelados saem que nem pão quente, Maria aproveita o frio do inverno para preparar e testar novas receitas. Todos os anos há edições limitadas que se juntam ao menu, gelados especiais que já tiveram sabores tão diferentes como meloa, romã, pastel de nata e arroz doce.

Algumas receitas não têm vestígios de glúten nem de lactose. Além das preocupações com a saúde, o impacto ambiental também é uma prioridade. É por isso que os gelados são vendidos em frascos de vidro, que podem ser reutilizados ou simplesmente reciclados. O negócio tem crescido todos os anos, não é à toa que as instalações onde os gelados são feitos tiveram de crescer recentemente, ao mesmo tempo que foi introduzida a utilização de energia fotovoltaica. Planos para o futuro? Assegurar que toda a produção é feita com energias renováveis, continuar a crescer em Portugal e partir à conquista de outros mercados, até porque o nome é fácil de apanhar em qualquer parte do mundo. Sempre que for preciso voltar ao laboratório, de certeza que vai ser por um bom motivo.

Nome: Fini
Data: 2011
Pontos de venda: são 90 em todo o país (pode consultar a lista aqui)
Preço: 2,40€ (preço recomendado dos copinhos de 125 ml)

100% português é uma rubrica dedicada a marcas nacionais que achamos que tem de conhecer.