As primeiras horas de Mohamed Houli Chemlal e Driss Oukabir na prisão foram tensas. Desde que foram sentenciados a prisão preventiva pelo juiz da procuradoria-geral espanhola, os dois acusados de executar os atentados em Barcelona e Cambrils, na Catalunha, foram submetidos a rigorosas avaliações médicas, psiquiátricas e comportamentais para definir o regime em que vão ser detidos.

Já se sabe que nenhum apresenta “risco de cometer suicídio”, mas que ficam isolados, sob vigilância constante e proibidos, para já, de interagir com outros reclusos. Chemlal e Oukabir vão passar as próximas semanas em solidão completa nas prisões de Alcalá Meco e Soto del Real, respetivamente. O “risco de suicídio” era mesmo a principal preocupação e enfoque da avaliação médica a que foram submetidos, avançaram fontes de ambos os centros penitenciários ao jornal El Confidencial.

Apesar de não representarem um “risco para eles próprios”, são considerados “perigosos, não pelo dano que possam causar a si mesmos, mas aos outros”. Dessa forma, foram colocados em regime de vigilância especial, conhecido como FIES (ficheiro de recluso especial), que classifica os reclusos de maior risco e em que, geralmente, são colocados todos os terroristas.

Nenhum terá qualquer contacto, para já, com outros reclusos. Nos primeiros dias permanecem em isolamento total e estão “fora de questão” as interações no pátio, algo que as fontes do Confidencial garantem ser temporário. Ao fim de algumas semanas poderão ter algum contacto com outros reclusos, mas “serão os próprios funcionários dos estabelecimentos prisionais a determinar” detalhes tais como os específicos reclusos com que poderão falar e durante quanto tempo.

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Escreve o El País que os reclusos de Soto del Real gritaram entre as grades e ameaçaram Oukabir à sua chegada ao estabelecimento prisional. Ouviram-se insultos dispersos e ameaças concretas: “Vamos-te rachar quando saíres para o pátio!”. Visivelmente assustado e com a roupa dos últimos cinco dias, descreve o jornal espanhol, Oukabir ouviu coisas como “Puto terrorista de merda”.

A colocação de Houli Chemlal e Oukabir para centros prisionais diferentes prende-se com a “política de dispersão de terroristas”, levada a cabo pelo Ministério do Interior espanhol com o fim de evitar a radicalização de outros reclusos através da interação com estes sujeitos.

Um fator igualmente determinante é a idade de Chemlal – tem menos de 22 anos – e, tal como obriga a lei, foi colocado num estabelecimento próprio para menores de 22 anos, em condições especiais.

Chemlal e Oukabir são os únicos dois em prisão preventiva – para já. Foram também detidos e ouvidos pela procuradoria-geral Salh Karib e Mohamed Aalla (titular do Audi com o qual foi cometido o ataque em Cambrils). Mohamed Aalla saiu em liberdade com a obrigação de se apresentar às autoridades todas as segundas-feiras, dado que “as provas existentes” sobre a sua alegada ligação à célula terrorista “não são sólidas o suficiente”. Salh Karib foi libertado esta quinta-feira, na condição de – à semelhança de Aalla – se apresentar todas as segundas-feiras. Fica proibido de sair do território espanhol e tem que entregar o passaporte às autoridades.

Mapa interativo. Os locais chave dos ataques na Catalunha