O furacão Maria atingiu esta quarta-feira as Ilhas Virgens Norte-Americanas com ventos na ordem dos 280/290 quilómetros por hora e chegou a Porto Rico ainda durante o dia, onde milhares de pessoas se refugiaram em abrigos. Já fez nove mortes na ilha de Dominica, nas Caraíbas. O primeiro-ministro, Roosevelt Skerrit, já falou em “devastação a larga escala”. O furacão estava em categoria quatro, desceu para três e estava na noite de quarta-feira em nível dois.

O furacão atingiu Porto Rico na quarta-feira, perto da cidade de Yabucoa, com ventos de 250 quilómetros por hora. “É uma devastação total” afirmou Carlos Mercader, porta-voz do governador de Porto Rico, Ricardo Rosselló, acrescentando que “em termos de infraestruturas, Porto Rico não vai voltar a ser a mesma”.

“Isto vai ser um fenómeno extremamente violento”, disse Rosselló à Associated Press, quando o furacão ainda se estava a aproximar. “Não vivemos um evento desta magnitude na nossa história moderna”, afirmou.

O porta-voz do governador adiantou que Porto Rico já está 100% sem energia. A presidente da Câmara de San Juan, Carmen Yuli, disse à MSNBC que pode demorar quatro a seis meses até que Porto Rico tenha eletricidade outra vez. “Estamos à espera de ficar sem eletricidade em Porto Rico durante quatro ou seis meses. Aqui em San Juan, ainda há um grande número de comunidades que está sem energia por causa do furacão Irma”, afirmou.

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Entretanto, Ricardo Ramos, presidente-executivo da Puerto Rico Electric Power Authority (PREPA), afirmou que os trabalhadores vão esperar até que o furacão Maria passe até que consigam avaliar os danos. “Precisamos de esperar por melhores condições para que a patrulha terrestre e a aérea verifiquem os danos. Esperamos danos maiores do que estes”, disse à CNN, acrescentando que o tempo que vai demorar a reestabelecer a energia vai depender de região para região

O governador Ricardo Rosselló pediu a Donald Trump que declare a ilha uma “zona de desastre”.

Os especialistas em furacões dizem, citados no Quartz, que já não têm palavras para descrever a intensidade do furacão que atingiu Porto Rico. “É horrível”, afirmou Michael Brennan no Twitter.

Só em St. Croix, nas Ilhas Virgens, vivem cerca de 50 mil pessoas. O furacão atingiu na segunda e terça-feira os territórios das Antilhas Pequenas, onde pelo menos três pessoas morreram na ilha francesa de Guadalupe. Em Dominica, onde até o telhado do primeiro-ministro desapareceu, cerca de 90% dos edifícios ficaram destruídos ou danificados.

Furacão Maria deixa rasto de destruição nas Caraíbas e avança para Porto Rico

O furacão Maria visto do espaço a 19 de setembro (Foto: NASA/Worldview)

Nas Ilhas Virgens Norte-Americanas, o governador Kenneth Mapp avisou todos os residentes para não pouparem nos esforços para se abrigarem:

Vocês perdem a vida no momento em que começam a pensar em como salvar uns quantos dólares para impedir que algo desabe, arda ou caia. A única coisa que importa é a segurança da vossa família, a dos vossos filhos e a vossa. O resto das coisas, esqueçam.”

No trajeto do Maria está a ilha de Porto Rico, que esta manhã deverá ser diretamente atingida pelo ‘olho’ do furacão – o período de aparente calma mas extremamente perigoso. Milhares já se refugiaram nos abrigos com as autoridades locais a avisarem que o furacão Maria deverá causar mais estragos que o Irma, que nem há duas semanas passava sobre a ilha.

Gif animado do furacão Maria, que se aproxima da ilha de Porto Rico

Pelo menos três pessoas morreram na ilha francesa de Guadalupe, sendo que são as primeiras mortes diretamente atribuídas ao furacão Maria.

Furacão Maria faz um morto e dois desaparecidos na ilha francesa de Guadalupe

De Dominica há poucas notícias. Sabe-se que o grau de destruição deverá atingir 90% e relatos ainda não confirmados das autoridades dão conta de pelo menos seis mortos. A eletricidade está cortada e as comunicações são de extrema dificuldade. O The Guardian reuniu as primeiras imagens aéreas da ilha, que dão conta de edifícios arrasados, árvore arrancadas e escombros por todo o território.

As ilhas de Santa Lúcia, Martinica e Trinidade e Tobago já se mobilizaram para auxiliar a população de Domínica, para já só a acolher desalojados e feridos.

O furacão Maria é o segundo furacão de categoria 4 (desceu de categoria esta manhã) a atingir a região das Caraíbas no espaço de duas semanas desde o furacão Irma, que atingiu as ilhas das Antilhas Pequenas e atravessou toda a região até entrar na Flórida, nos Estados Unidos. Até esta terça-feira pelo menos 101 mortes foram atribuídas ao furacão.

As primeiras projeções do Maria apontam para que o furacão se dirija para norte e continue “extremamente perigoso” enquanto passa ao lado das Bahamas mas será cedo ainda para ter a certeza. Acontece que os modelos de previsão existentes não estão adaptados a tempestades de tamanha dimensão como aquelas que se têm registado nesta temporada de furacões do Atlântico Norte.