Como não podia deixar de ser, a Volkswagen escolheu Portugal como palco para a apresentação à imprensa mundial do novo T-Roc, o SUV mais pequeno do construtor alemão que é fabricado em Palmela, nos arredores de Setúbal. Num percurso misto, que incluiu o sempre complicado pára-arranca do trânsito lisboeta, um pouco de auto-estrada e por fim uma sinuosa estrada numa região montanhosa, colocámos à prova o veículo que partilha a plataforma do Golf, apesar de ser mais barato do que este.

Mais giro e quase irreverente

A primeira constatação é que o T-Roc representa uma lufada de ar fresco para a Volkswagen em matéria de design. Tradicionalmente muito conservadora, para não dizer ‘cinzentona’, a marca alemã nunca gostou de correr riscos, pelo sempre apostou nas evoluções em vez de revoluções, em termos de estilo. Mas não desta vez.

O novo SUV alemão “made in Portugal”, que se integra no segmento C, tal como o Tiguan (apesar deste ser substancialmente mais comprido), herda a plataforma MBQ do grupo, mas possui apenas 4,23 metros de comprimento, menos do que o Golf (4,26 m), tudo para o distanciar do Tiguan (4,48 m).

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Mas não é de fita métrica em punho que se vêem as diferenças, pelo que é necessário concentrar-se na nova assinatura luminosa da frente, os novos grupos ópticos mais esguios (por LED na versão Sport), carroçaria a duas cores – uma na zona inferior e outra, contrastante, no tejadilho, separadas por um elemento em alumínio que refina o modelo –, isto para além da jantes de grande diâmetro (entre 16 e 18″) que podem ser apresentadas em alumínio, ou pintadas de laranja, azul ou preto, algo igualmente nunca visto no construtor de Wolfsburgo.

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Se por fora o T-Roc atrai, por dentro surpreende. Primeiro porque, pela segunda vez – a primeira ocasião surgiu há cerca de um mês, com o novo Polo –, é possível jogar com as cores em diversas zonas do tablier e portas, no sentido de produzir um veículo mais alegre e jovial, mais uma vez longe do ambiente formal que sempre caracterizou o fabricante. No total, são 11 cores para a carroçaria, quatro para o tejadilho, o que se somarmos aos diferentes tipos de jantes faz com que cada um possa ter um SUV personalizado à sua maneira e diferente do vizinho.

Pena é que, ao contrário do que é habitual na marca, os plásticos utilizados sejam sólidos e agradáveis à vista, mas menos ao toque, compostos por materiais duros. Segundo os responsáveis pela marca, a opção fica a dever-se à necessidade de propor o T-Roc abaixo do preço do Golf, o que tendo em conta que utiliza a mesma plataforma e mecânicas, e ainda oferece mais possibilidades de personalização, levou a cortes noutras áreas.

O T-Roc recorre à mesma plataforma do Golf e é bem mais acessível do que o Tiguan

Grande e bem equipado

Uma vez a bordo do novo SUV, é óbvio que estamos sentados mais acima – a marca fala em 10 cm –, o que melhora a visibilidade e a sensação de termos um maior controlo sobre tudo o que nos rodeia. A posição de condução é boa, com banco e volante reguláveis, este último em altura e profundidade, o espaço interior é agradável e ao nível do Golf, tanto à frente como atrás, com a diferença a surgir especialmente em altura, onde o T-Roc é mais generoso do que o modelo que lhe serve de base. A bagageira oferece 445 litros, um volume muito interessante e, mais uma vez, bem superior aos 380 litros disponibilizados pelo Golf.

Se o espaço interior é maior, o nível de equipamento acompanha a tendência, com todas as versões a incluírem de série sistemas como o Front Assist e o Lane Assist, o primeiro a fazer maravilhas à segurança e a impedir os embates de frente por distração, especialmente em cidade, enquanto o segundo ajuda a que não se saia inadvertidamente da faixa de rodagem. Curiosamente, o Lane Assist do T-Roc pareceu-nos funcionar melhor e ao nível dos veículos mais recentes da casa, como o Arteon, sobretudo por incluir a opção activa, que mantém o carro ao centro da faixa de rodagem e o impede de ziguezaguear entre o limite à esquerda e à direita.

Disponível em três níveis de equipamento, respectivamente T-Roc, Style e Sport, o novo SUV e dependendo na versão, inclui sistemas como o Traffic Jam (que lhe permite enfrentar sozinho as filas de trânsito sem intervenção do condutor, controlando os travões e acelerador para manter uma distância segura ao carro da frente), o Park Assist, o Cruise Control Adaptativo, o detector de fadiga e o de ângulo morto.

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O sistema de tracção integral 4Motion não é uma opção, mas integra de série as versões mais possantes, composto por uma embraiagem central do tipo Haldex que permite ao modelo funcionar em estrada e auto-estrada como se fosse um tracção à frente – para não incrementar consumos e emissões –, para depois, à mínima perda de tracção, colocar na traseira até 100% da potência e ultrapassar situações mais difíceis.

O tecto de abrir panorâmico, com 1,364 metros de comprimento por 870 mm de largura, torna o habitáculo mais luminoso e arejado.

Diesel e gasolina, todos os motores são turbo

Já é possível encomendar o novo T-Roc no nosso país, sendo que as primeiras unidades começarão a ser entregues na última semana de Novembro, exclusivamente equipadas com o motor 1.0 TSI de três cilindros sobrealimentado a gasolina, com 115 cv, o que lhe permite alcançar 187 km/h e passar pelos 100 km/h em 10,1 segundos. Fruto de estar associado a uma caixa manual de seis velocidades, este T-Roc anuncia um consumo médio de 5,1 litros.

Mais tarde, em Março de 2018, chegará a primeira versão turbodiesel, mais precisamente o 1.6 TDI de 115 cv, com a gama a ser completada com as motorizações 2.0 TDI de 150 e 190 cv, com duas e quatro rodas motrizes (aqui acoplada a uma caixa automática de dupla embraiagem DSG), bem com o novo motor 1.5 TSI de 150 cv, a gasolina, que para reduzir os consumos tem a possibilidade de desligar dois dos quatro cilindros, quando a circular em situação de pouca pressão no acelerador.

A unidade que tivemos oportunidade de conduzir estava equipada com o motor 2.0 TSI de 190 cv, que apenas estará disponível entre nós sob encomenda, equipada com caixa DSG e transmissão 4Motion. Em cidade evolui com facilidade, tanto mais que se não lhe falta potência, o peso do SUV também não é muito elevado, com a suspensão a revelar-se confortável e a lidar bem com as zonas mais degradadas da capital, especialmente se optarmos pelo modo de condução Comfort, que torna os amortecedores mais macios. A caixa, com a dupla embraiagem banhada a óleo para ser mais suave, revela-se progressiva, até nas manobras.

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Com chegada das curvas optámos pelo modo de condução Sport, o que se notou de imediato na resposta do pedal do acelerador, no peso da direcção, na reacção do motor ao acelerador e na forma como a caixa de velocidades explora as rotações da mecânica. A suspensão torna-se mais seca, sem ser excessivamente desconfortável, com o T-Roc a aproximar-se do que estamos habituados a encontrar no Golf GTi, sendo eficaz e previsível, mas sempre muito rápido, tanto mais que está equipado com pneus normais e não com os habituais M+S, a que alguns concorrentes recorrem, que se revelam mais ruidosos e com aderência inferior.

Preços inferiores aos do Golf e do Tiguan

A partir do final de Novembro o T-Roc começa a chegar aos clientes nacionais, sendo que a versão mais acessível recorre ao motor 1.0 FSI de 115 cv e nível de equipamento T-Roc, sendo proposta por 23.275€. O valor é competitivo, o que coloca o novo SUV um pouco mais de 1.000€ abaixo do Golf com igual motorização, tanto mais que oferece de série os sistemas Front Assist e Lane Assist, que o Golf integra na lista de opcionais. Com mais equipamento, surge o Style, o que lhe permite beneficiar, entre outros, de detector de fadiga, Cruise Control Adaptativo, Park Assist e navegação, à venda por 25.652€ – preços dos opcionais aqui.

O diesel mais em conta é o 1.6 TDI de 115 cv (chega em Março), que na versão base (T-Roc) é proposto por 27.473€, com pouca diferença para o Golf com igual motor (28.200€), mas substancialmente menos do que o Tiguan (33.500€). A partir de Dezembro passa também a estar disponível, o motor 1.5 TSI de 150 cv (31.032€), mas exclusivamente no nível Sport e com caixa DSG.

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