Esta segunda-feira assinalaram-se dois anos desde os atentados de Paris, que fizeram mais de 130 mortos – 89 deles no Bataclan. Sete das vítimas mortais são os próprios terroristas. Mas um sobreviveu: Salah Abdeslam está há 18 meses em Fleury-Mérogis, a maior prisão da Europa.
O único terrorista vivo dos atentados de Paris, a 13 de novembro de 2015, vive controlado por câmaras de vigilância durante 24 horas por dia, sete dias por semana. Desde que foi preso, nem uma palavra: Abdeslam não fala com os guardas prisionais, não fala com os advogados e não falou em nenhum interrogatório. O isolamento do terrorista e a aparente depressão levaram a direção do estabelecimento prisional a temer um suicídio e, consequentemente, a relaxar ligeiramente as condições da sua detenção. Nas últimas semanas, Salah Abdeslam já não está separado das visitas por um vidro e a cela já não tem isolamento sonoro. Ainda assim, continua sem qualquer contacto com os outros prisioneiros.
O terrorista tem direito a quatro ou cinco visitas mensais – que são, normalmente, da mãe e do irmão – e recebe cartas de admiradores. No resto do tempo, passa-o fechado na cela, deitado na cama, obcecado com limpar tudo aquilo que está à sua volta, principalmente alimentos. O facto de Abdeslam não comunicar já fez com que dois dos advogados contratados inicialmente tenham renunciado, convencidos de que nunca irá falar.
As investigações aos atentados de 13 de novembro ainda estão a decorrer e a ministra da Justiça francesa já disse numa entrevista ao L’express que espera que Salah Abdeslam “possa assistir ao seu processo, que só vai acontecer, com toda a certeza, em 2019 ou 2020”. O terrorista, de 28 anos, é acusado de ser o autor intelectual dos atentados, já que se arrependeu e não chegou a detonar o cinturão de explosivos que tinha.
Antes de ser julgado pelos atentados de 13 de novembro, Salah Abdeslam deve ir a tribunal já no dia 18 de dezembro, mas em Bruxelas, pelo tiroteio que começou com um grupo de polícias em março de 2016, dias antes de ser detido. Ainda que já tenha aceitado ir à Bélgica para participar no julgamento, a justiça francesa ainda não decidiu se autoriza a viagem do terrorista.