A compra de um edifício da Universidade do Porto pela empresa Real Douro está a dividir Rui Moreira e Manuel Pizarro. O vereador socialista defende que a autarquia deveria ter exercido o direito de preferência e comprado o antigo colégio Almeida Garrett, que foi vendido em hasta pública por 6,1 milhões de euros. Em comunicado, o movimento independente de Rui Moreira adjetiva a proposta de “populismo e demagogia”, com vista a “pressionar o presidente da Câmara Municipal do Porto a cumprir uma agenda pró-centralista”.

O movimento considera que a Universidade do Porto colocou o edifício à venda para, com o dinheiro arrecadado, “investir noutros edifícios de ensino superior na cidade, investimento esse que, dado o subfinanciamento a que está sujeita, não seria possível de outra forma“.

Por esse motivo, Rui Moreira considera que as declarações dos “três partidos de esquerda que compõem ou suportam o Governo”, PS, Bloco de Esquerda e CDU — que questionam porque é que a autarquia não exerceu o direito de preferência –, são como sugerir que a Câmara Municipal do Porto deveria substituir-se ao mercado e “pagar acima dos valores de avaliação”.

Ou seja, querem os partidos da esquerda que suportam o Governo e o PS que o compõe, que sejam os portuenses a pagar, com o seu orçamento local, aquilo que o Estado central entende não ter interesse e acorda colocar no mercado?”, questiona o movimento, que acusa Pizarro de querer que o município compre património “que as instituições públicas detidas pelo Estado decidem vender para mitigar o seu subfinanciamento“.

© Rita Neves Costa / foto cedida pelo jpn.up.pt

O movimento de Moreira questiona se, em vez de o PS/Porto, o PCP e o BE estarem a pedir à autarquia que compre o edifício, se não deveria estar a “exigir ao seu Governo que invista, isso sim, na Universidade do Porto“. E pergunta se, a seguir, Manuel Pizarro também vai defender “que deva ser a Câmara do Porto a adquirir as instalações da delegação da CMVM que o seu Governo decidiu esta semana encerrar no Porto, tudo concentrando em Lisboa?”.

A empresa Real Douro comprou o edifício e o terreno de 8.520 metros quadrados, situado na Praça Coronel Pacheco. À Lusa, adiantou esta quinta-feira que o projeto que ali pretendem desenvolver terá uma “função residencial”, e não um hotel, como sugeriu o Bloco de Esquerda. Em comunicado, os bloquistas recordam que, no final 2015, a Câmara do Porto anunciou a recuperação e ampliação do antigo colégio Almeida Garrett para instalação do Centro de Competências de Envelhecimento Ativo e Saúde do Norte, a partir dos fundos comunitários destinados ao Plano de Ação de Regeneração Urbana.

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