O porta-voz do CDS-PP, João Almeida, defendeu esta sexta-feira que o país “está melhor, apesar do Governo” socialista, que falhou em áreas essenciais, mesmo sendo apoiado por partidos “que sempre defenderam a preponderância do Estado”.
“Achamos é que é estranho, no mínimo, uma solução governativa apoiada por partidos que sempre defenderam a preponderância do Estado na sociedade, falhe, desde a autoridade do próprio Estado, à saúde, em áreas que são essenciais”, considerou João Almeida à agência Lusa, quando o executivo está a cumprir dois anos de mandato.
Para o deputado e dirigente centrista, “esse é o rosto da governação de um país que, fruto das circunstâncias conjunturais e económicas, está melhor, mas isso é apesar do Governo e não por consequência daquilo que é a ação do Governo”.
O Governo, liderado por António Costa, tomou posse há dois anos, a 26 de novembro de 2015, depois de ter assinado acordos com o BE, PCP e PEV que lhe deram apoio parlamentar.
O facto de o BE e o PCP terem abdicado daquilo que era o seu discurso no passado facilita a que o PS escape, não sendo responsabilizado à esquerda por aquilo que no passado para estes partidos eram exigências e que agora passam a ser meras referências de rodapé nos seus discursos”, argumentou.
Apesar do que ex-líder Paulo Portas e da atual, Assunção Cristas, afirmaram sobre como a atual solução de Governo teve como consequência o fim do voto útil (o partido que governa não foi o vencedor das eleições legislativas), João Almeida disse ter “muitas dúvidas que esta eleição em si altere substancialmente aquilo que é o processo de escolha das pessoas em eleições”.
“Cada eleição é uma eleição”, frisou.
“Tudo aquilo que permita uma maior liberdade de escolha dos cidadãos nas eleições é positivo, não acho que seja consequência desta solução em si”, declarou, argumentando que o CDS quer contribuir para o futuro com “soluções governativas maioritárias e de preferência que ganhem as eleições”.
João Almeida defendeu em simultâneo que “o CDS tem força e condições para se vir a afirmar por si em eleições legislativas” e que “isso não é, obviamente, uma consequência desta governação”, mas da oposição que tem feito.
O CDS, que apresentou uma moção de censura em outubro, faz um balanço negativo dos últimos dois anos, apontando falhas nas áreas de soberania da Defesa e da Administração Interna, patentes nas tragédias dos incêndios, mas também no coração do Estado social.
“Naquilo que é o funcionamento diário da saúde, as pessoas têm maior dificuldade do que tinham no passado no acesso aos serviços de saúde: o funcionamento das urgências, o crescimento de listas de espera, as dificuldades para alguns tratamentos específicos, cirurgias específicas, questões de pessoal, não indo ao funcionamento das carreiras”, sustentou.
A durabilidade da atual solução de apoio ao Governo não espanta ao CDS, que reclama créditos nessa perceção: “Entendemos desde o início que esta solução legislativa tinha uma força para a sua estabilidade que era o facto de quem a fizesse fracassar teria de pagar um preço altíssimo”.
“Esta é uma união de partidos que tem na sua sobrevivência a principal razão de cada um desses partidos contribuir para o projeto. Portanto, ninguém quer que ela fracasse porque paga um preço por isso e vai aguentando a solução política”, defendeu.