A líder do CDS-PP, Assunção Cristas, vai propor que o partido se apresente sozinho às legislativas, em 2019, porque acredita que assim o partido terá “melhores resultados”, mas admite, em entrevista ao Público e à Rádio Renascença, uma coligação com o PSD num cenário pós-eleitoral, independentemente do líder que venha a ser escolhido.

Questionada sobre qual dos candidatos à liderança do partido social democrata — Rui Rio ou Santana Lopes — prefere, Cristas respondeu que não tem preferência. “Genuinamente, não os conheço sequer o suficiente para ter preferência. Temos quase 20 anos de diferença, não me cruzei com eles no Parlamento, nem no Governo. Interagi um bocadinho com Rui Rio quando estava ministra com a área do Ordenamento e do Território, mas também foi por pouco tempo. E com Santana Lopes, enfim, só neste contexto pré-autárquico”, para falar com ele enquanto Provedor da Santa Casa.

Mas olhando para o passado, e o histórico de coligações com o PSD, Assunção Cristas disse estar “certa de que num cenário pós-eleitoral saberemos muito bem entender-nos com o PSD, qualquer que seja a sua liderança”.

Sobre a dificuldade no diálogo com o Partido Socialista, a líder centrista disse que “o PS escolheu a forma como quer trabalhar” e essa forma passa por “trabalhar com o PCP, BE e com Os Verdes” sem “nenhuma vontade de estabelecer pontes, pelo menos com o CDS”.

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“Tem que haver uma alternativa a esta governação, que tem que ser do centro-direita. Faz sentido que seja com o PSD, que é o parceiro natural com quem temos uma história em comum”, afirmou, rematando que “o CDS, depois de ter tido 21% em Lisboa, tornou-se mais incómodo, certamente”. “Notamos esse incómodo no Governo e no primeiro-ministro.”

Cristas contra a participação da Santa Casa no Montepio fala em “grande família socialista”

Sobre a participação da Santa Casa da Misericórdia no Montepio, Assunção Cristas reitera que está contra: “Sem mais esclarecimentos, a nossa posição só pode ser frontalmente contra este negócio, que achamos pouco esclarecido, pouco transparente”. “Porque é um bom negócio? O dinheiro dedicado às pessoas mais pobres ser alocado para um banco, quando a banca tem este histórico que acabámos por ver nos últimos anos? Há aqui muita coisa por explicar: tinha-se falado em 60 milhões, agora são 200 milhões? Por 10%? O que é que estamos a discutir?”

A líder centrista, que já na quarta-feira — antes de uma sessão das conferências do CDS “Ouvir Portugal” — tinha acusado António Costa de estar “mais preocupado” com a “grande família socialista” do que com as pessoas que precisam da ação na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, voltou, nesta entrevista ao Público e à RR, a apontar para “as relações entre a Santa Casa, o Montepio e o atual provedor da Santa Casa” para sustentar as suas “dúvidas”.

Olhe para a grande família socialista. E no fundo, o que me é dado pensar, é que isto é tudo elaborado com muita facilidade entre uns e outros, chegando a soluções que não têm os reais interesses dos portugueses em primeiro lugar.”

Esta quinta-feira, o CDS/PP dirigirá um conjunto de questões sobre este tema ao Governo, segundo avançou a líder do partido na quarta-feira.

E este, segundo Cristas, é mais um tema em que o ministro do Trabalho, Solidariedade e e Segurança Social, Vieira da Silva, “tem dificuldade” em ter “peso político” e “credibilidade”, assim como no caso da Autoeuropa. E tudo por conta do escândalo da Raríssimas, denunciado pela TVI há duas semanas. Vieira da Silva é, segundo a responsável, “claramente um ministro muito fragilizado”.